Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separa

A Páscoa mais especial

E as semanas que se seguiram passaram depressa, tanto para a Ana como para o Miguel. Nem se aperceberam da passagem do tempo, de tão focados que andavam no estudo. Por vezes eles achavam que o pouco tempo que tinham para estudar passava sempre a correr e não chegava para tudo. O terceiro período estava prestes a terminar e tinham de estar mais concentrados que nunca nas: últimas matérias e testes. Todoe qualquer esforço ou sacrifício, por mais pequenos que fossem, eram muito importantes na fase em que eles se encontravam e para continuarem a obter bons resultados.

O Miguel estava a acabar o décimo primeiro ano e caminhava a passos largos para o ano mais importante do secundário. O ano de todas as decisões. Já a Ana estava prestes a concluir o secundário e precisava de tirar boas notas para entrar na faculdade e no curso de Medicina. Contudo, apesar da preocupação que sentiam e de andarem bastante ocupados, a Ana também andava muito entusiasmada. Dali a poucas semanas iria ser a viagem de finalistas do décimo segundo ano e ela andava tão eufórica que mal se conseguia concentrar no estudo. Há algum tempo que a turma já andava a pensar em alguns destinos para a viagem. Ainda que estivesse a ser bastante difícil chegar a um consenso, pois todos sugeriam sítios diferentes.

Depois de mais um dia preenchido com aulas, a Ana esperou pelo Miguel junto ao portão da escola para regressarem a casa. Pelo caminho pararam em Belém para tomarem um café e comerem um pastel de nata bem quentinho — era um lanche infalível. Aproveitou aqueles minutos de descontração para contar tudo ao Miguel acerca das incertezas que pairavam na sua turma:

— Anda uma grande confusão na minha turma por causa da viagem de finalistas. Nem imaginas... — disse ela pensativa à medida que levava a chávena de café aos lábios.

— Então o que se passa? — perguntou ele dando uma trinca no pastel de nata.

— O mesmo do costume — acrescentou ela.

— Ninguém se entende? — questionou-a ele de sorriso nos lábios.

— Acertaste na muche, Miguel! Estou a dar em doida, uma vez que todos querem ir para sítios diferentes, o que está a dificultar imenso as coisas.

— Assim, vai ser difícil chegarem a um consenso — disse ele, levando a chávena de café aos lábios.

— Pois vai. Eu queria que a minha viagem de finalistas fosse diferente das outras viagens de finalistas do décimo segundo ano, uma vez que só a vou viver uma vez. Contudo não sei muito bem o que gostaria de fazer durante aquela semana — disse ela olhando-o pensativa. — Pensando bem, acho que és a pessoa ideal para me sugerires algo diferente e divertido, já que tens viajado imenso por aí com os teus amigos.

— Há um sítio que nunca visitei, mas que quero visitar há já algum tempo e que acho que pode ser ideal para vocês. Pelo menos é diferente do habitual que é o que procuras.

— Que sítio é esse? Agora fiquei mesmo curiosa.

— O Parque Nacional dos Picos da Europa.

— Só podia — disse ela sorrindo. — Desde sempre que te ouço falar desse parque natural. A ideia agrada-me bastante porque nunca o visitei e do pouco que já me falaste sobre ele, acho que iria adorar tudo.

— É espetacular! E tem paisagens incríveis! O meu pai tinha um amigo chamado Joaquín que vivia nas Astúrias. Na minha infância o Joaquin vinha todos os meses a Portugal entregar produtos das Astúrias feitos por encomenda. Como tinha clientes na aldeia, fazia-nos sempre uma visita e oferecia-nos um queijo asturiano. Eu adorava. Ainda consigo sentir aquele sabor intenso. Era uma delícia. Também gostava de ficar atento às conversas que tinha com o meu pai. Ficava encantado com o que ele contava acerca da vida nas Astúrias, como era o trabalho dele por lá e os pormenores da paisagem.