Oviedo

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Ana e Miguel entraram no quarto, pousaram as respetivas bagagens no chão, e depois atiraram-se para cima das camas.

— Estou exausta! — retorquiu ela num tom cansado. — Parece que me dói o corpo todo.

— É normal, princesa. Eu também me sinto muito moído — constatou Miguel. — Apesar das muitas paragens que fizemos, foram muitas horas dentro do autocarro, sempre na mesma posição.

— Estas viagens são muito divertidas, mas também são cansativas. Chegamos ao destino exaustos, porque são sempre feitas de autocarro — disse-lhe ela, expirando com intensidade, virando-se para ele. E deitando-se de lado com o braço esquerdo, suportando o peso do corpo e pousando o queixo sobre a mão esquerda.

— Mas não nos podemos deixar levar pelo cansaço — disse ele um pouco mais animado, virando-se também para ela e deitando-se de lado com o braço direito, suportando o peso do corpo. E pousando o queixo sobre a mão direita. — Temos de aproveitar a viagem da melhor forma e o tempo que vamos estar em cada localidade, caso contrário não vamos ver nada.

— Tens toda a razão — suspirou ela sorrindo para ele.

— Nestas alturas, temos de ser superiores ao cansaço — respondeu, atirando-lhe uma das almofadas que tinha atrás das costas.

— Não posso concordar mais! — retorquiu. Devolvendo-lhe logo de seguida a almofada. — Vou vestir o pijama, ligar aos meus pais para lhes dizer que chegamos bem. E depois vou para a cama.

— Pensando bem, acho que também vou fazer o mesmo — disse ele sorrindo para ela.

— O que estás a achar da viagem? Estás a gostar? — perguntou-lhe a Ana.

Miguel levantou-se da cama e sentou-se na cama dela, ao lado dela.

— Estou a gostar imenso. Obrigado mais uma vez por me teres convidado a vir convosco. A tua turma é espetacular e recebeu-me muito bem — afirmou, beijando-a apaixonadamente nos lábios. Ela sentiu um leve arrepio, borboletas na barriga e o coração a acelerar.

— Eu fico mesmo feliz por saber que estás a gostar — respondeu ela sentando-se na cama e abraçando-se a ele.

— Já está a superar as minhas expectativas. A tua ideia de uma sessão de anedotas e piadas secas foi excelente. Ainda bem que tu insististe comigo, diverti-me muito e foi um momento muito bem passado.

— Também acho. Proporcionaste-nos um serão bem divertido.

— Que bom ouvir isso.

— E estiveste mesmo bem. Repetimos no regresso? — propôs, piscando-lhe o olho.

Ele mostrou-se pensativo, franzindo o sobrolho.

— Queres mesmo pôr-me novamente à prova?

— Porque não?

— Tenho de pensar bem acerca disso. Não sei se tenho coragem, princesa.

— Não aceito uma recusa — replicou de ar sério.

Entretanto, ele perguntou-lhe de ar introspetivo:

— Achas que a tua turma gostou da minha história?

— Acho que ela adorou. Principalmente por lhes permitires contactar com uma realidade diferente. As dificuldades dos outros ensinam-nos imenso e obrigam-nos a olhar a vida com outros olhos. Ensinam-nos a dar mais valor ao que temos. Foi o que aprendi contigo ao longo dos anos. Tenho a certeza de que não esquecerão a tua história.

— Fico mesmo feliz por poder inspirar as pessoas.

— Fiquei mesmo orgulhosa, quando vi a curiosidade que a minha turma ia demonstrando. A vontade que mostraram em fazer perguntas.

Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora