Nasce uma verdadeira amizade

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No dia seguinte a Ana levantou-se muito cedo. Não tinha conseguido dormir por causa da excitação de ir buscar o Miguel para brincarem. Foi para a sala, sentou-se no sofá e aproveitou para ver desenhos animados. O avô já tinha acordado e tinha saído para tratar das suas tarefas. Quando ela foi para a cozinha para tomar o pequeno-almoço o avô já estava pronto: vestido com o macacão azul, calçado com as galochas verdes e de boina axadrezada na cabeça e à sua espera.

— Bom dia, minha querida — cumprimentou-a ele, dando-lhe um beijinho.

— Bom dia, avô — cumprimentou-o ela, dando-lhe dois beijinhos.

— Estás pronta para ir buscar o Miguel? — questionou ele bem-disposto lendo o jornal.

— Estou, avô! — disse ela entusiasmada, sentando-se à mesa para tomar o pequeno-almoço.

Bebeu o leite com chocolate e levou o pão na mão para não perderem mais tempo.

O avô pegou nas chaves da carrinha e encaminharam-se de seguida para a casa do Miguel. O sol estava forte, o dia ia aquecer bastante. O ambiente entre eles era alegre e descontraído. Partilharam conversas, sorrisos e expectativas. A Ana estava bastante feliz por ter com quem brincar durante as suas férias. Não demoraram muito a chegar. António estacionou a carrinha à entrada da casa. Saíram, entraram pelo pequeno portão de ferro, subiram um pequeno lanço de escadas e a Ana bateu à porta. Mostrava-se sorridente e ansiosa para brincar novamente com o Miguel. Pouco tempo depois, uma senhora com uma voz aparentemente jovem respondeu do outro lado da porta:

— Só um momento, por favor. Quem é?

— Bom dia, dona Mizé. Sou o senhor António.

A mãe do Miguel abriu logo a porta e presenteou-os com um caloroso sorriso.

— Bom dia, senhor António. Desculpe a demora, mas não se pode abrir a porta a qualquer pessoa — explicou ela.

— Não tem de pedir desculpa. Eu percebo perfeitamente que todo o cuidado é pouco.

— O que o traz por cá?— perguntou-lhe, de forma simpática e cordial. Os pais do Miguel eram pessoas muito simples.

— A minha neta gostou tanto de brincar com o Miguel ontem que não se calou até eu vir com ela pedir-lhe se podia deixar o Miguel ir passar uns dias com ela.

Mizé ficou um pouco pensativa, mas depois não hesitou na resposta:

— Claro que deixo. O Miguel gostou bastante do lanche, veio muito feliz e entusiasmado. Fartou-se de nos contar coisas sobre o que tinha visto e as imensas brincadeiras que fez com a sua neta — afirmou Mizé. Ana sorriu logo para o avô.

— Que bom. Fico muito contente que assim tenha sido.

— Sabe, o Miguel andava sempre triste e cabisbaixo e a lamentar-se por não ter ninguém da mesma idade dele que goste das mesmas brincadeiras que ele para brincar. Viver na aldeia não é nada fácil. Não há muitas crianças com quem os miúdos possam brincar.

— Compreendo a sua preocupação.

— Vai ser bom para ele, mudar um pouco de ares e ter com quem se entreter. A companhia da sua neta vai fazer-lhe bem.

— Também acho que sim — proferiu António.

— Mas entrem e estejam à vontade. Querem tomar alguma coisa?

A Ana e o avô entraram em casa da família Ribeiro.

— Obrigado. Mas acabamos mesmo agora de tomar o pequeno-almoço.

— Então, eu vou chamar o Miguel, porque não sei se ele quer ir. Já venho.

A Ana e o avô aguardaram no hall de entrada da casa.

Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora