Epílogo

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No dia a seguir, Ana e Miguel partiram para a lua-de-mel que foi passada num destino que Ana queria conhecer há algum tempo: Nova Iorque. Miguel quis surpreendê-la oferecendo-lhe aquela viagem como presente. Ela ficou deslumbrada e derretida.

Foi uma semana de sonho, sozinhos algures em solo americano. No regresso pararam nas Astúrias para visitarem Oviedo e o Parque Nacional dos Picos da Europa — tentando recriar a primeira viagem feita às Astúrias na adolescência, na viagem de finalistas da Ana. Ficaram no mesmo aparthotel e visitaram os mesmos lugares — e claro, para a Ana receber o prémio. Durante o tempo que lá estiveram tiraram várias fotografias.

Faltavam apenas dois dias para o regresso a Portugal, quando entregaram o prémio à Ana. Como Miguel lhe tinha dito, lá estava ele, sentado na primeira fila da sala principal do Teatro Campoamor, com ela ao seu lado, de dedos entrelaçados. Ansioso por vê-la subir ao palco.

— Não vejo a hora de te ver subir àquele palco vai ser o orgulho da minha vida.

Entreolharam-se e sorriram.

— Para mim também vai ser um momento mesmo importante e especial. É um privilégio ser premiada fora de Portugal. Ver o meu trabalho, o meu esforço, a minha entrega e a minha dedicação serem reconhecidos e valorizados. E estou muito feliz por partilhar este momento contigo. Agora que somos um só — disse muito tímida, beijando-o nos lábios discretamente.

Alguns minutos depois, o nome dela soou na sala.

— É agora! É agora! — disse o Miguel entusiasmado, preparando a máquina fotográfica.

Ana levantou-se do seu lugar, muito sorridente, e disse-lhe:

— Essa tua personalidade nunca muda.

— Enquanto tu fores a minha alma gémea, garanto-te que nunca vai mudar. É impossível, dado que és a única pessoa que me deixa neste estado de felicidade plena e com este orgulho desmedido estampado no rosto.

— Não tens emenda, deixas-me sempre sem palavras e sem jeito nenhum. Por favor, não digas essas coisas!

— Porquê?

— Porque a sala está cheia, vou subir agora ao palco e não quero mostrar-me corada.

— Mas ficas tão bonita quando ficas corada.

— És sempre o mesmo. Bem, tenho de ir. Amo-te muito!

— Também te amo! Aliás, sou louco por ti.

Miguel levantou-se do lugar e aplaudiu-a imenso. Embevecido e orgulhoso enquanto ela subia o palco tirando-lhe diversas fotografias. De sorriso rasgado e olhar fixo, não conseguia tirar os olhos dela. Dividido entre a felicidade e a comoção ao ser-lhe entregue o prémio pela mão do diretor do centro de investigação onde ela tinha feito investigação durante dois anos. O sorriso dela e o brilho dos seus olhos demonstravam a felicidade que estava a sentir.

— Parabéns! Que orgulho que eu senti ao ver-te subir àquele palco.

— Obrigada, meu amor. Este prémio é uma recompensa deliciosa. Valeu bem a pena todo o trabalho que tive e todos os dias que dediquei a esta investigação.

— Quando gostamos muito do que fazemos e nos dedicamos de alma e coração às coisas. Vale sempre tudo a pena.

— Tens razão.

— Esse prémio foi muito merecido, pois sempre te dedicaste bastante a tudo o que fizeste. Por isso não poderia haver dúvidas de que só poderia ser mesmo para ti.

Ela sorriu para ele, comprometida e comovida. E dois dias depois, regressaram a Portugal. Durante a viagem, Miguel mostrou-se pensativo e de semblante carregado.

— O que tens? Estás tão calado e introspetivo. Não gostaste da lua-de-mel?

— Achas? Adorei a lua-de-mel. Passamos uma semana perfeita, os dois a celebrar a nossa amizade e o nosso amor. Adorei os momentos que vivemos, quer em Nova Iorque, quer nas Astúrias. Os lugares que revisitamos. As diversas fotografias que tiramos. O que recordamos e claro, ver-te receber o prémio. O meu ar introspetivo não tem nada a ver com a lua-de-mel. A verdade é que eu tenho vindo a viagem toda a cimentar uma pequena ideia que me ocorreu durante a estadia nas Astúrias.

— E posso saber que ideia é essa, ou é segredo de estado? — perguntou desconfiada, mas sorridente e expectante.

— E se contássemos a nossa história ao mundo?

— Como assim? O que tens andado a pensar? — perguntou, cada vez mais curiosa.

— Passamos por tanta coisa juntos, ao longo da nossa vida. Não achas que a nossa história dava um livro? — questionou-a.

Ana mostrou-se pensativa.

— De facto, agora que falas nisso... tens razão.

— E se escrevêssemos um livro?

Trocaram olhares cúmplices e sorriram um para o outro.

Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora