Ana recebe uma visita inesperada

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Nos meses seguintes, a vida de Ana e Miguel não mudou. Continuou a dividir-se entre visitas demasiado curtas, passeios, inconfidências, muita cumplicidade, declarações de amor e momentos infinitos de namoro sem tempo. A poucas semanas da chegada do mês de abril e das férias da Páscoa, Miguel contou à Ana que tinha decidido que não iria à viagem de finalistas a Lloret del Mar, em Espanha, deixando-a surpreendida.

— Porquê? O destino escolhido não te agrada?

— Não é por essa razão que decidi não ir à viagem. No ano passado planeei que nas férias da Páscoa eu ia fazer uma expedição de mota a Itália com os meus amigos. Sabes que é algo com que sempre sonhei e que quero fazer há já algum tempo. Contudo, neste momento tenho de estudar e não é possível fazê-la. Decidi deixá-la para o verão e aproveitar estas férias para estudar e estar contigo.

— Meu Deus! Eras mesmo capaz de fazer isso por mim? — perguntou perplexa.

— Por ti eu faço qualquer coisa. Nenhuma viagem é mais importante que tu. Numa altura em que passamos grande parte do tempo separados. Todo o tempo livre que pudermos passar juntos é precioso e de aproveitar.

— Não sei o que dizer, estou sem palavras. Adoro-te. Ninguém abdicaria assim da viagem de finalistas para ficar com a namorada. Só tu. És incrível!

— Também te adoro e te amo imenso, princesa.

— Agora falando a sério, acho que não devias abdicar da viagem por minha causa. Afinal, só vais viver esta experiência uma vez na tua vida.

— Não me importo. Não te troco por nada, tu és mais importante que tudo. A minha turma que desfrute e que se divirta que eu vou aproveitar esses dias para pôr todo o amor que sinto pela minha princesa em dia.

— És o meu amor mais que perfeito.

E assim foi. Durante aquelas férias, Miguel dividia o seu tempo entre o estudo e o namoro com a Ana. Não se arrependia nada da escolha que tinha feito. Porque tinha a certeza de que era a mais acertada: trocar a sua viagem de finalistas para passar mais tempo ao lado da Ana. Tinha conseguido ter tempo para tudo. Para estudar, para fazer o que gostava e para desfrutar ao máximo daqueles dias junto da Ana. E durante aquela semana, uma réstia de normalidade voltou à sua vida. Tinha a Ana ao seu lado, conversavam até altas horas, davam passeios de mota e à beira-mar, saíam com os grupos de amigos e faziam sessões de cinema e programas juntos. Era mesmo bom sentir que a distância encurtava um pouco, agora que viviam a maior parte do tempo separados um do outro. Parecia como nos bons velhos tempos.

A Páscoa foi passada, como sempre, em família, na Quinta da Juventude. Tanto Ana como Miguel já tinham saudades das rotinas do campo, dos passeios a cavalo e de bicicleta, do ar puro, do aroma dos frutos e do sentimento de liberdade. Ana tinha muitas saudades dos avós e o Miguel estava desejoso para abraçar os pais. As férias da Páscoa não se alteravam, já que aqueles poucos dias no Alentejo nunca podiam faltar. Eram obrigatórios. Todavia, desta vez, para Ana e para Miguel, a Páscoa era mais especial, mais intensa e tinha um sabor particular. Talvez por ser um lugar de reencontros e por ser ali que gostavam sempre de reencontrar-se.

Na tarde de domingo de Páscoa regressaram mais cedo a Lisboa. Ana tinha comboio para o Porto ao fim do dia. Eles nunca tinham gostado de despedidas, pois custava sempre imenso dizer adeus a quem mais amamos. Porém, a vida tinha-os obrigado a terem de lidar cada vez mais de perto com elas. De repente, as despedidas passaram a fazer parte da rotina e a melhor forma de lidar com elas era aprender a contorná-las com um sorriso.

No dia a seguir, Ana e Miguel regressaram às aulas. Faltavam poucas semanas para o fim das aulas de Miguel e para o início dos exames nacionais, tal como para os primeiros exames da Ana na faculdade. Tinham muito que estudar. Não podiam deixar a matéria acumular-se. Portanto tinham de aproveitar o tempo. A distância, a saudade e o vazio voltaram a fazer-se sentir, mas com menos intensidade. O ritmo acelerado das aulas e do estudo e a chegada das avaliações não os deixavam ter tempo para pensar na falta que faziam um ao outro.

Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora