Depois virou-se para Ana e perguntou-lhe entusiasmado com a euforia e a adrenalina a intensificarem-se, pois iam passear a primeira vez de mota.
— Preparada para um belo passeio?
— Mal posso esperar para andar na tua menina de duas rodas. E só por acaso não vou ter de usar capacete, pois não? É que acho que vou sufocar. Além disso, vai tirar-me as vistas todas sobre a paisagem — disse ela, perdendo logo o entusiasmo.
— Se queres que te leve a casa de mota, vais ter mesmo de usar capacete. Foi o que os teus pais mais recomendaram, por isso se não cumprimos as recomendações vamos estar metidos em sérios problemas. Acabam-se logo os nossos passeios de mota. Isto pode parecer desconfortável, mas é uma questão de hábito. Não te preocupes que não sufocas.
— Espero bem que sim — respondeu ela um pouco apreensiva e reticente.
— Vai correr tudo bem. Estás perfeitamente segura.
— Eu sei, Miguel. Eu confio em ti. Nunca, em algum momento duvidei disso — concluiu ela sorrindo para ele.
— A minha companheira de duas rodas é fantástica. Desde que os teus pais ma ofereceram que se tem portado bastante bem. Poucas avarias, nenhum desastre de maior e várias viagens e passeios. Nunca me falhou e já tem alguns quilómetros nas costas — explicou ele satisfeito.
— Coitadinha. Mas olha que não se nota nada! — brincou a Ana.
— Ela faz por disfarçar isso muito bem — retorquiu ele sorrindo com o seu ar brincalhão. — Bem, 'bora lá montar na Maria Vinagre?
— Não posso acreditar! Só podes estar a gozar comigo. A tua mota tem um nome próprio? Nunca tinha visto coisa igual. Uma mota ter um nome próprio — disse-lhe ela perplexa.
— Oh, Anocas, não gozes com a minha menina, ouviste?
— Não estou a gozar. Mas que acho o nome bastante original lá isso acho. Sinceramente só mesmo tu para inventares uma coisa destas.
— E não te disse tudo... Maria Vinagre é o nome de uma vila algarvia.
— A sério? Estou pasmada. Não fazia ideia.
— Estás a ver? As coisas que aprendes comigo.
— Convencido. Por acaso acho uma curiosidade engraçada e interessante. Um dia destes temos de ir à terra da tua mota.
— Escusado será dizer que alinho nisso já!
— Claro. Óbvio. Até ficava admirada se não alinhasses numa coisa dessas.
Ele olhou para o relógio de pulso e proferiu:
— Está a fazer-se tarde. Vamos andando?
— Vamos.
Eles estavam felizes e animados. Colocaram os capacetes e antes de se fazerem à estrada, o Miguel emprestou-lhe uma peça de roupa muito especial.
— Veste isto! — disse-lhe ele passando-lhe o seu casaco de cabedal, que era uma das suas peças de roupa preferidas.
— Mas é a peça de roupa que mais gostas e estimas das primeiras coisas que compraste com as mesadas — concluiu a Ana pegando no casaco.
— De facto, esse casaco é mesmo uma peça muito especial para mim. Sabes bem que sempre quis ter um e que até poupei algumas mesadas, já que são bastante caros. Além disso, são casacos feitos de cabedal genuíno, almofadados e muito quentes. São bastante diferentes das imitações que se veem por aí.
— Acredito que sim — respondeu ela sorrindo para ele e pousando a mão no braço dele.
E de seguida, ele acrescentou:
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Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separa
Storie d'amoreAna e Miguel conhecem-se, por acaso, enquanto crianças. Durante umas férias de verão, percebem que apesar das diferenças que os separam, têm muita coisa em comum e descobrem juntos a essência de uma amizade imaculada. Mas à medida que crescem, os do...