Um aniversário surpreendente

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E os dias foram passando a um ritmo alucinante, recheados de tudo o que era capaz de transformar um verão — num verão inesquecível. Não faltaram as rotinas de sempre, novas atividades e brincadeiras, muitas gargalhadas, sessões de cinema e claro, uma amizade verdadeira. A Ana continuava a ter umas férias felizes e preenchidas na companhia do Miguel, que já era considerado o seu melhor amigo. A amizade continuou a crescer, tornaram-se cada vez mais unidos e cúmplices. E com toda a agitação eles quase se esqueciam da aproximação do seu aniversário. Faltavam poucos dias e na quinta estava toda a gente bastante empolgada. Exceto o Pedro que à medida que os dias iam passando não conseguia controlar o nervosismo e ansiedade. A professora Filipa tinha ficado de lhe ligar para confirmar se havia conseguido contactar os pais dos colegas da Ana, mas ainda não lhe tinha dito nada. O tempo escasseava e era preciso começar a pensar em todos os preparativos para a festa. Entretanto o telemóvel do Pedro tocou. A chamada foi curta e rápida. A professora Filipa tinha conseguido contactar todos os pais e eles mostraram-se entusiasmados com a ideia de irem passar uns dias ao campo.

O Pedro ficou muito satisfeito por poder contar com a turma da Ana para a festa e por poder avançar com todos os preparativos. Depois do almoço ele foi buscar o computador ao quarto, sentou-se na mesa do jardim e num instante fez uns convites simples para a festa, mas bem giros. De seguida foi só enviá-los com um clique para a professora Filipa e para os pais dos colegas da Ana. Ele tinha a certeza de que ela os iria adorar se os visse.

A véspera de aniversário da Ana e do Miguel chegou bem depressa. Eles não se cansavam de contar a toda a gente que o dia seguinte era o dia do seu aniversário e que até faziam anos no mesmo dia. Estavam mesmo entusiasmados. E na quinta tudo decorria com normalidade para que os dois pequenos traquinas não se apercebessem de nada do que estava a ser preparado. Enquanto os avós se ocupavam das rotinas da quinta, a Ana e o Miguel andavam distraídos com as suas brincadeiras. E a Joana e o Pedro aproveitaram o tempo quente para irem para a praia para descansarem e se divertirem com o pequeno João.

Só depois do jantar, quando tudo estava mais sossegado e os cúmplices já dormiam, é que o rebuliço começou. Era necessário decorar o pátio, preparar a comida e alguns jogos e pôr as mesas. Tudo aconteceu pela noite dentro. Para os adultos, não havia lugar para o descanso. Na manhã seguinte, dia seis de julho, o dia de anos da Ana e do Miguel, eles acordaram cedo e em êxtase. Estavam mesmo entusiasmados. Levantaram-se, a Ana pegou na mão do Miguel e desataram a correr para a cozinha. Quando lá chegaram, ainda ofegantes, o Miguel inquiriu, pensativo:

— O que estamos aqui a fazer?

— Todos os anos, nos meus anos, os meus pais escondem uma prenda para mim em casa.

— A sério?

— Sim.

— Que sorte! — retorquiu ele estupefacto.

— Estou ansiosa por descobrir o que é.

— Vamos procurá-la?

— Vamos.

— O que costumas fazer quando fazes anos?

— Como estamos de férias com os meus avós, decoramos tudo e fazemos uma festa com muitas guloseimas, jogos e presentes. Adoro!

— Que espetáculo!

— E tu, o que costumas fazer?

Ele mostrou-se comprometido com a pergunta e disse:

— Eu nunca comemorei muito o meu aniversário.

— Porquê? É tão divertido fazer anos. Eu gosto imenso.

— Porque os meus pais nunca tiveram muito dinheiro para isso.

— Que pena! — disse ela entristecida.

Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora