Viajando no tempo

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E na sala das atividades da Pediatria nem se ouvia uma mosca. Os meninos internados estavam concentrados a ouvirem a história da doutora e do Miguel. O brilho no olhar deles mostrava quão deliciados eles estavam. A história estava a ser mesmo excitante.

— Doutora Ana, o que dizia o papel que deu ao Mikas? — perguntou a Andreia.

Ana e Miguel entreolharam-se e sorriram.

— Não sei se vos posso contar. Se calhar o Mikas não quer — disse sorridente.

— Oh! Mas nós queríamos saber.

A curiosidade estava instalada. Os meninos queriam mesmo saber o que continha o papel.

— Então... peçam-lhe a ele — disse-lhes a Ana.

Os meninos olharam logo para o Miguel de uma forma quase suplicante, deixando-o sem capacidade para recusar.

— Mikas, por favor, diz que sim!

Ele sorriu comovido. Nunca resistia aos seus meninos.

— Vocês são tramados!

— Oh! E isso o que quer dizer? — perguntaram-lhe eles, pensativos e confusos.

— Nada de especial. Acharam mesmo eu tinha coragem de vos dizer que não?

— Boa! — disseram os meninos eufóricos. Levantando-se e abraçando-se a ele.

Ela piscou-lhe o olho, levantou-se da cadeira e foi à sua mala. Do interior retirou um papel dobrado em quatro.

— O que é isso, Ana? — perguntou-lhe Miguel, desconfiado, mas bastante curioso.

— Isto é o rascunho onde escrevi a primeira versão do texto que te dei no dia da tua Missa de finalistas.

O ar de admiração depressa se fez notar. Já a expressão divertida e extrovertida do Miguel deixou a Ana e os meninos a rirem-se à gargalhada.

— Não acredito que guardaste isso contigo este tempo todo.

— É claro que guardei!

— Ela é mesmo tolinha. Não acham?

Os meninos concordaram com Miguel e Ana mostrou-se envergonhada e comprometida.

— Miguel, tu conheces-me e sabes como eu sou.

— Não precisas de dizer mais nada. Eu sei que és muito dada a memórias e recordações.

— Ora nem mais! Bem, será que o nosso Mikas dá licença que eu leia o texto?

— Dou, senhora, doutora! — respondeu Miguel no seu jeito brincalhão.

— Há dias em que não dá mesmo para falar a sério contigo...

— Já sabes como é, eu nunca perco o bom humor e a boa-disposição.

— A quem o dizes!

— A doutora Ana e o Mikas são os maiores. E nós gostamos imenso de vocês — disseram os meninos muito entusiasmados e felizes, levantando-se para os abraçarem.

— Eu devo estar corado como um tomate! — disse Miguel envergonhado, mas divertido, tapando o rosto com as mãos.

Os meninos desataram a rir, enchendo a sala de gargalhadas e contagiando quem passava.

— Ficamos mesmo contentes por saber que vocês gostam de nós e se divertem connosco. Bem, agora já posso ler o texto?

— Só se eles voltarem aos seus respetivos lugares e fizerem silêncio — replicou o Miguel.

Ao Teu Lado - Quando o que nos une é maior que aquilo que nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora