Promessas

04

Hoje eu acabei acordando bem mais cedo do que o normal, nem meu irmão estava acordado.

Acho que eu estava com tanta coisa na cabeça que não consegui dormir direito.

Depois do funeral ontem muitas das coisas que meu pai fazia voltaram nas minhas memórias, e não foi nada legal.

Eu odeio ter que lembrar do meu próprio pai dessa forma.

E pensar que a última coisa que ele me disse da última vez que nos vimos foi: "Pode ir, eu estou me pouco me fudendo. Você não vai fazer diferença nenhuma na minha vida!".

Isso sim que é um pai né?

Além disso tudo eu ainda tive minha pequena discussãozinha com Rafe ontem que também não me ajudou nadinha.

Por que tem que ser tão difícil sempre?!

Hoje, como sempre, já acordei com fome mas quando abri a geladeira lembrei que não tinha absolutamente nada para comer nessa casa.

O jeito vai ser sair para comprar alguma coisa, senão vou morrer de tanta fome que eu to.

Subi rapidinho, coloquei qualquer roupa e sai de casa.

Meu plano era ir no mercadinho que tinha relativamente perto de casa então achei uma ótima oportunidade de ir andando.

Eu adoro caminhar para pensar um pouco sobre a vida e espairecer.

Porém, como eu sou muito sortuda, quando cheguei la, descobri que o mercadinho que tinha ali não existia mais e que era uma adega agora.

Nem para ser uma padaria ou uma doceria, porque ja iria resolver minha vida.

Pelo visto eu teria que andar mais um pouquinho para encontrar algum lugar que 1) estaria aberto e 2) teria comida para eu tomar café da manhã. Eu estava morrendo de fome a essa altura já.

Assim que verifiquei no meu celular o lugar mais perto em que poderia comprar alguma coisa para comer, do nada, do nada mesmo, o tempo fechou completamente e uma chuvinha começou a cair.

Pelo menos era só uma chuvinha né?

Não, não era.

Não tive nem tempo de me mover e fazer alguma coisa antes que a chuva ficasse mais forte, se tornando impossível de voltar para casa, ao não ser que eu quisesse tomar um banho.

Ótimo!

Pego meu celular e tento ligar para Sarah e depois para os Pogues, mas aparentemente todos ainda estavam dormindo ja que ninguém me atendeu. Não julgo eles considerando que ainda eram 8 e pouquinho da manhã.

O único jeito seria sentar na escadinha que era coberta em frente aquela adega, que a propósito, ainda estava fechada, e esperar a chuva passar.

Não deu nem 5 minutos até a minha ótima e maravilhosa sorte se manifestar de novo.

De todo mundo que eu queria que aparecessem agora, a que eu menos queria é justamente quem aparece.

Sim, Rafe.

É estranho como reconheci sua caminhote RAM preta assim que a vi se aproximando. Inclusive fingi que não reconheci só olhando pada baixo torcendo para que ele não reparasse que eu estava ali.

Mas é obvio que ele reparou que alguem estava sentada na escada de uma adega no meio do nada enquanto caia uma chuva horrorosa.

De primeiro, achei que ele não tinha visto pois passou reto com seu carro, mas de repente parou e lentamente foi dando ré até chegar na minha frente.