011

4.8K 336 13
                                    

Marina

── Oi marininha. — Meu pai me chamou pelo meu apelido de infância após atender minha ligação, ri leve.

Preciso de um conselho da única pessoa que não mentiria para mim nesse momento e que não passaria pano.

── Discuti com o Richard. — Contei jogada na cama enquanto Helena dormia do meu lado após ter assistido trinta minutos de algum filme da Barbie.

── Sabe que eu odeio me meter na relação de vocês, mas você é muito estressada, filha, vive maltratando o garoto de graça. — Eu franzi o cenho.

── Ele gosta! Não foi por isso. — Encarei a tela. ── Ele jogou mais uma vez que eu sou ausente na vida da Helena, não das crianças, mas na dela. Só que, pai, você tem mais de um filho, eu tô errada em ter que dar uma atenção redobrada para o mais novo? Esse menino se ficar sozinho ele se mata de formas que eu nem sabia que eram possíveis de se morrer! — Desabafei.

── Você foi praticamente filha única até os seus dez anos, você não teve problema com isso. Quando a Mariana nasceu, deu três anos veio a Maria, e sim, foi muito difícil dar atenção para... — encarou atrás da tela. ── Pode voltando para o seu quarto, Mariana! Vai sair com menino nenhum, tô nem aí que é seu namorado, você tem só dezenove anos. — Ela rebateu algo que eu não entendi. ── Não ligo! Vai para o seu quarto.

── Prende mesmo, prende que ela foge ou invadem sua casa que nem o Ríos fez mil vezes. — Falei e ele me encarou.

── Voltando ao assunto. — Me ignorou. ── O que tá no seu alcance, você já fez, que era largar o emprego. A Mariana teve muito ciúmes da atenção que a Maria recebia, mas a Maria tinha que receber uma atenção maior por ser a bebê e, acredite, eu entendo sim quando você fala que ele é capaz de se matar com formas que nem imaginávamos morrer.

── Eu tô conseguindo reestabelecer um vínculo com ela, juro que nunca foi por mal eu ter sido ausente. — Falei a encarando dormir abraçada em mim. ── Eu amo ela, pai, me dói ver ele dizendo, em outras palavras que eu sou uma mãe ruim ou que eu não ligo para ela. Muitas vezes eu sou a mãe chata porque eu não quero que ela cresça mimada e chata, eu tenho pavor de gente assim e o Richard faz tudo que ela quer. Tudo!

── Convenhamos, a Helena é a protegida do seu marido. — Falou me encarando. É verdade! ── Eu arrisco dizer que a relação deles é igual a que você tinha com a sua mãe.

Minha mãe! Éramos inseparáveis, eu era grudada nela, ela era praticamente mãe solo porque ela nunca foi casada com o meu pai então eu o via de vez em quando, só quando fui morar com ele que começamos a conviver. O amor que eu sinto por ela até hoje é surreal!

── E sobre ser mimada. — Continuou. ── Marina, até hoje você é! Vai me perdoar mas você acha que é a dona da razão, e não podem brigar com você que ou você chora ou você ignora igual uma criança.

── É pai, eu fujo de briga porque eu cresci no meio de briga, não sei se você lembra! — O encarei e ele deu de ombros. ── Nós nunca discutimos na frente de nenhum deles!

── Onde ele tá agora?

── Viajando, sinto ele distante também. — Falei me ajeitando na cama e arrumando os mini projetos de cachos da minha filha. ── Não sei, caiu na rotina.

dizeres, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora