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• six months •

Marina

── . — Bernardo balbuciou concentrado em segurar minha corrente e eu arregalei os olhos.

── Você falou mamãe? Você falou mamãe! Que coisa linda, meu gordinho! — Falei animada o enchendo de beijos enquanto o apertava e ele começou a resmungar. ── Moleque, não resmunga para mim, eu fiquei com você oito meses dentro de mim me chutando e me fazendo vomitar, você que aguente meu carinho agora.

Uma coisa que eu nunca citei é que ele é prematuro, nasceu um pouco antes do tempo mas isso não interferiu em nada, é uma criança saudável.

── Ele tá te entendendo muito. — Ríos falou concentrado no celular e eu o encarei.

── Tá vendo o que aí?

── O presente do Heitor, não sei o que escolher, sou péssimo escolhendo. Gucci ou Chanel?

── Carters! Ele nem nasceu ainda, Ríos.

── Sabe que essas marcas tem sessão infantil, né Marina?

── Prada, não gosto de Gucci e Chanel me passa vibe menina. — Respondi voltando a atenção para o meu filho. ── Sabia que logo vai chegar um bebê para brincar com você? É! Vai sim.!

── Que voz irritante, Marina! — Richard falou e eu o encarei. ── Brincadeira. — Riu nervoso.

Que moleque do caralho! Minha irmã até hoje não aceitou a gravidez dela cem por cento mas tá caminhando, também já descobrimos, é um menino e falta pouco menos de um mês para ele chegar. Ela engatou um relacionamento com o Gustavo que, ironicamente, aceitou assumir o bebê dela e também tá ajudando muito ela nessa questão. Meu pai voltou a ser gente também, tá apoiando ela e no início ela passou uns dias comigo porque o Abel estava insuportável e também deveria estar sendo horrível para ela, aí eu convidei e ela veio.

── Ah, amor, desisto! Escolhe você. — Falou vindo até mim e sentando ao meu lado. ── Sou muito indeciso.

── Da alguma coisa de recém nascido para ele, talvez um body! — Falei pegando o celular da sua mão e rolando, em seguida chegou uma notificação de um número desconhecido e eu abri.

Quem é essa querida?

── Por que a sua ex tá te mandando mensagem? — O encarei e ele deu de ombros.

── Ela tá bloqueada desde aquela vez! — Encarou o celular e viu a notificação. ── Ah, mudou de número então. Bloqueia!

"Salva meu contato e avisa quando terminar de novo, mudei de número. 👀"

"Deixa os pestinhas com ela e vem para cá. Kkk!"

"Nada contra, são fofos mas mds ela é muito agitada e encrenqueira."

Como é?!

── Ô sua cachorra? Sua piranha, já colocou aquele aplique no lugar e quer tirar de novo? A primeira surra eu te dei por você encostar na minha filha, a segunda vai ser por você atrapalhar meu casamento! — Falei gravando o áudio enquanto levantava, estressada e o meu marido me encarou, apavorado. ── Você chamou meus filhos de pestinhas, sua desgraçada? Quer saber? Eu não vou enviar esse áudio. — Falei cancelando e começando a digitar a resposta, porém Richard pegou o celular da minha mão. ── Me devolve agora!

── Por que você tá fingindo ser eu e pedindo o endereço dela, Marina? — Perguntou lendo a mensagem que eu ainda não havia enviado.

── Não é óbvio?

── Para de ser louca! Você vai bater nela de novo e vai ir presa ainda.

── Você tá defendendo?

── Eu não tô defendendo, eu tô evitando de ter uma mulher com ficha criminal.

── Ela tá se atirando para você e teve a coragem de falar dos meus filhos de novo! — Respondi indignada e notei meu filho me encarando no meu colo, sem reação. Nunca havia brigado na frente dele, respirei fundo. ── Me da o celular! — Pedi com calma.

── Não! Você tá brava e vai fazer coisa que não quer.

── Cadê a arma que você comprou dizendo que era defesa? Onde você guardou? — Ele arregalou os olhos.

── Marina, para de ser doida! — Pediu. ── Você quer mesmo ir presa e não acha jeito.

── Ela maltratou minha filha uma vez e agora chamou os dois de pestinhas, falou da Helena de novo. Sabe o que é um pestinha? É o que a alma dela vai virar depois que eu desencarnar ela. Como se não bastasse ela tá metendo o dedo no nosso casamento!

── E que culpa eu tenho? — Perguntou. ── Para de brigar comigo, eu nunca te dei motivo para desconfiar de traição, as próprias mensagens dela dizem tudo.

── Mas eu não tô brigando com você porque eu tô desconfiada, eu tô brigando porque você tá me controlando!

Meu marido respirou fundo e passou as duas mãos no rosto, em seguida me olhou.

── Você tomou seus remédios hoje?

Pronto! O bipolar não tem um dia de paz, não tem o direito de surtar com motivos que já começam a perguntar de remédios. E foi então que eu lembrei que eu não havia tomado mesmo.

── Não.

── Só eu mesmo, vou lá pegar para você, senta aí! Depois eu bloqueio ela na sua frente. — Falou subindo e eu encarei a parede. ── Você é doida, mas eu te amo do tamanho da sua loucura, mas você é complicada!

Eu não tô tão sem razão assim. Uma coisa que me machuca é o fato da minha filha ser diagnosticada com TDAH e isso justifica ela ser agitada, ela não tá medicada por opção do pai dela, e agora a ex dele chega do nada, fala para que mudou de número, para avisar quando terminar e também para ele ir sozinho e ainda tem a cara de pau de chamar a minha filha de agitada e encrenqueira? Pestinha? Encrenqueira sou eu e pestinha vai ser ela, essa puta, eu nunca me descontrolaria a esse nível por ciúmes ou pelo meu marido, mas pelos meus filhos sim. Tudo bem que teve um pouco do meu transtorno no meio, mas eu não acho que eu esteja tão sem razão não.

dizeres, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora