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Marina

Minha viagem é esse fim de semana e a Helena tá um grude comigo, um grude demais e o Bernardo desgrudou um pouco e tá mais com o Ríos. Amarrei meu cabelo em um coque mal feito e fui catando os brinquedos jogados pelo caminho, Ríos fez a mesma limpeza tem nem uma hora.

── Bu! — Ouvi a voz do meu marido enquanto o mesmo me abraçava por trás.

Me virei e fiquei de frente, passando meus braços ao redor do seu pescoço e sentindo suas duas mãos segurando minha cintura. Depositei um selinho em seus lábios, que foi correspondido no mesmo instante.

── Ceta. — Completei me afastando e ele me encarou.

── Você tem dez anos?

── Vinte e oito. — Corrigi. ── Cadê tuas bençãos?

── Acabei de voltar da creche. — Falou como se fosse algo óbvio. Na verdade é, ele me avisou! ── Helena tá um grude com você, tá maluco.

── Que bom, né? Consegui reestabelecer esse vínculo com ela. — Falei voltando a catar os brinquedos jogados e sendo ajudada por ele. ── Aquele dia ela me falou que ela via a gente brigando lá de cima, que me escolheu para ser mãe dela porque eu precisava disso. E porque eu era bonita! — Ele riu após eu falar a última parte.

── Você era bem piroca antes de engravidar mesmo. — Eu o encarei. ── Que? Você recém tinha descoberto que é bipolar, tava em uma fase terrível.

Parei para lembrar e é verdade! Ela veio em uma fase muito exata da minha vida, lembro que quando eu descobri que estava grávida eu tava entrando em um episódio depressivo feio e eu demorei para aceitar, entrei em estado de negação, mas tudo passou e eu só sai do episódio depressivo quando ela nasceu, e fiquei bem por anos, fui piorar depois que o Bernardo nasceu.

── Hm, verdade.

── Que dia você marcou sua viagem mesmo?

── Sábado de noite, amo vocês mas vai ser bom eu tirar um tempo sozinha. Poder dormir a hora que eu quiser sem me preocupar com horário de acordar. Eu juro que na hora que eu vou dormir fica ecoando na minha cabeça "mãe." "mãe?" "mãe!". — Ouvi meu marido rir.

── Pior que eu também fico assim, fico maluco com ela me chamando toda hora. Tava pensando, acho que vou ir para o Brasil esse tempinho que você vai se afastar, ou para a Colômbia. Treinador me tirou da escalação então não vou treinar!

── Brasil? Colômbia seria pelos sua família, óbvio, Brasil seria por causa do pessoal?

── É mais por causa da Helena que diz que tá morrendo de saudade da Cecília. Mulheres! — Falou se jogando no sofá com um monte de ursos na mão. ── Mas quero mesmo ir visitar minha família.

── Ué, vai ver sua família, tem um monte de criança nela para a Helena brincar junto!

── É mas ela quer ir ver a amiga dela, vou ver ainda o que eu vou fazer.

── Ríos, para de fazer tudo que ela te pede. De tanto eu ter criticado criança mimada, eu tenho uma dentro de casa também! E é culpa sua.

── Oxi, você também era mimada, quer falar o que? Deixa minha filha quieta, tio.

── Amor, você faz literalmente tudo que ela pede. Sabe que eu amo ela mas amar também é impor limites, e a única pessoa que coloca limite aqui sou eu. — Falei enquanto o mesmo deitava a cabeça no meu colo.

dizeres, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora