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Marina

── Você tá tão grande! — Richard falou animado enquanto segurava Bernardo pelas duas mãos, ele firmava as pernas. ── Fala assim: "papai".

── Mama. — Respondeu e se atirou para trás, caindo novamente na cama e rindo como se algo extremamente hilário houvesse acontecido.

── Você tá fazendo lavagem cerebral nesse menino. — Richard falou e eu ri leve.

── Que nada, eu só sou presente na vida dele. Vive grudado comigo! — Falei sem pensar e notei que ele não respondeu. Tanto faz também, quando era o contrário ele vivia falando.

── Eu vou sentir saudade, seu comédia talarico, vive colocando a boca nos peito da minha mulher mas eu te amo igual! — Falou balançando o corpo dele e ele riu ainda mais. Deitei minha cabeça no ombro de Richard e só apreciei a cena.

Cenas como essas tranquilamente curam qualquer instabilidade dentro de mim, ele é um bom pai e o apego dos dois com ele já diz muito sobre. É foda ter que ficar longe, mas é necessário também. Não adianta nada o Richard fingir que nada aconteceu achando que eu vou voltar, não é assim que o barco anda.

Mas eu posso aproveitar também.

── Que horas é seu vôo? — Perguntei.

── Três e trinta da manhã, esse fuso horário do caralho, vou chegar e já ir direto pro jogo. — Respondeu sem fazer contato visual.

Mais cedo realmente fomos na sorveteria que a Cecília e a Helena queriam ir, o que foi bom já que a nossa filha cansou e dormiu cedo, agora tá dormindo. Só o Bernardo que tá acordado, o que é contraditório.

── Eu queria ir com você até o aeroporto, mas não posso deixar eles sozinhos e também não é negócio acordar a Helena, além dela chorar para dar tchau vai ser tenso para dormir de novo.

── Eu queria que você fosse! — Falou se deitando e deixando o nosso filho sentado na região do seu peito, em seguida recebeu um chute na cara. ── Ai, moleque, para que essa agressividade? Nem te fiz nada!

── Eu sentia a mesma coisa, só que era dentro de mim. — Falei me deitando ao contrário, com a cabeça na barriga de Ríos. ── Nem tanto, na verdade, o Bê era bem calminho na barriga.

── Eu lembro disso, já a Helena chegava a te irritar de tanto que se mexia.

── É que na gravidez dela eu fiquei estressada, tudo me irritava, fora que foi bem conturbada, né? Tive muito enjoo, desmaio, cólica. Agora a dele foi tão tranquila!

── Eu acho que ele vai ser nerd igual você.

── Ele vai ser introvertido e focado igual a mim. — Corrigi.

── Nerd!

── Hm, deixa eu ver. — Falei o pegando e o colocando sobre mim. ── Você vai ser... Engenheiro? Advogado? Não!

── Jogador de futebol. — Richard falou.

── Não. — Respondi. ── Jogador de futebol é mulherengo e meu filho não vai ser mulherengo.

── Eu não sou mulherengo!

── Não pouco, né?! Já sei, ele vai ser médico que nem eu.

── Tomara que seja psiquiatra, aí ele cuida da louca da mãe dele.

── Richard! — O encarei. ── Vai para a casa do capeta.

── Oxi, eu já tô indo daqui a pouco, ou esqueceu que metade da casa em Barcelona é sua também? — Perguntou e eu o encarei, ele começou a rir e recebeu uma cotovelada. ── Ai, louca! Tá me agredindo na frente do nosso filho, vai traumatizar ele.

── Mamãe. — Falei o encarando para ele repetir.

── Chata! — Richard falou no mesmo tom. ── Fala chata.

── Mama ata. — Falou brincando com o meu colar e eu encarei Richard.

── Ops. — Desviou o olhar.

── Quando a minha s.. ex-sogra me falou que você ia testar minha paciência, eu não achei que fosse tanto!

── Que doideira, sabia que ela perguntou de você? Ficou do seu lado ainda na briga, me chamou de irresponsável, imaturo e babaca. Ai eu perguntei se ela não queria te adotar também.

── Richard! — Falei após me lembrar e me sentei, o encarando.

── Já disse que eu não fiz nada.

── Por que me mentiu sobre a hiperatividade?

── Que? — Perguntou com um tom mais sério e se inclinou.

── Você me disse que só soube que era hiperativo porque sua mãe te contou, mas é mentira, você descobriu em exames para o clube. Por que mentiu? — Ele ficou em silêncio.

── Como sabe disso?

── Não lembro, acho que foi o Rapha que me contou, ou o Joaco.

── Eu soube logo que eu entrei no palmeiras, bem antes de te conhecer. — Contou. ── De primeira vista eu não achei que era viável contar.

── Achou mais viável falar que era ex-presidiário e amigo do ex presidente, e falar da ex também. — Relembrei e ele riu.

── Você lembra disso?

── Não tenho memória curta para nada, Ríos.

── Lembra da nossa promessa? Quando terminamos?

── Pré acidente. — Murmurei. ── Lembro! Por que?

── Ela ainda tá em pé?

A nossa história juntas é marcada em pré e pós o acidente, porque mudou muito depois disso. Eu ainda lembro quando nós terminamos por causa de fofoca e distância e nós prometemos um esperar o outro e voltar quando as condições fossem favoráveis.

── É que nós não somos mais adolescentes, né? Não existe isso de dar certo, se a gente quer dar certo a gente tem que fazer isso.

── De verdade, o que você quer que eu faça?

── Richard, eu não sei! — Fui sincera. ── Eu tô trabalhando em mim para ser uma pessoa melhor para você, faz o mesmo! O resto o tempo cuida.

dizeres, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora