008

4.9K 311 37
                                    

Marina

Me sentei no chão da sala com Helena entre minhas pernas, prendi o meu cabelo em um coque mal feito e a ajudei no que pude em relação ao dever. Olhando como médica e não como mãe, eu tô começando a dar razão para o Ríos, ela tem vários traços de TDAH. Após longas três horas para resolver uma conta básica de mais e menos, ela foi arrumar a bagunça que fez e eu fui verificar Bernardo, que, para a surpresa de zero pessoas, estava dormindo. Voltei até Helena e a peguei para tomar banho comigo para poupar tempo, em seguida fomos jantar e eu já estava preocupada com a ausência de Richard.

Ele sai do treino às sete, são dez horas. Tudo estava acontecendo errado e ao contrário hoje, Helena foi dormir sem precisa brigar e Bernardo acordou chorando, tentei de tudo, mas não parava nunca, não queria nem mamar. Me sentei no sofá da sala e ergui as pernas, o colocando apoiado ali.

── Que que você tem, hein? — Perguntei segurando suas mãos. ── Tá com febre? — Coloquei a mão para checar. ── Não tá! É cólica?

── Ele vai te responder. — Me assustei após ouvir a voz de Ríos, passando como um vulto atrás de mim.

── Parado aí. — Falei e ele parou na metade da escada, me encarou. Conferi e ele ainda estava com o uniforme do time. ── Tava onde?

── Treinando?

── Por que atrasou? E por que não avisou?

── Ah, desculpa, fiquei sem bateria e não levei carregador. — Falou se escorando na divisoria. ── A Champions começa sábado, eu te falei isso, a partir de agora só vou chegar esse horário!

── Ah, tá. — Dei de ombros. ── Vai tomar banho, fedido.

── O pai é cheiroso! — Falou já longe e eu ri leve, voltando a encarar Bernardo.

Um minuto limpa, cinquenta e nove segundos tranquila. Toda a região do meu peito junto com parte do pescoço foi preenchida por vômito e um choro agudo começou.

── Você não tá nada bem! — Falei levantando e indo até o meu quarto, conseguia ouvir apenas o barulho do chuveiro vindo do banheiro. Me sentei na penteadeira e abri a terceira gaveta, onde estavam os remédios. ── Sabia que a minha farmácia particular uma hora iria me salvar! Achei!

Peguei o pequeno remédio em gotas que é próprio para vômito em crianças. Quando levantei para procurar uma roupa para tomar banho, eu recebi outro vômito, na mesma hora meu marido saiu já vestido do banheiro.

── Vai tomar banho, deixa que eu limpo ele e dou remédio! — Falou vindo até mim e pegando o mesmo no colo.

Fui para o banheiro e tomei um banho rápido, não queria ficar longe dele caso ele esteja doente, me vesti e encontrei Richard deitado sem camisa na nossa cama, sozinho.

── Dormiu de novo? — Perguntei me deitando ao lado do mesmo.

── Dormiu, não teve febre nem nada, dei banho e dei remédio para ele.

── É por causa do dente. — Afirmei e o mesmo se virou, ficando de frente para mim. ── Vai jantar, cê deve tá com fome.

── Não tô com fome! — Afirmou dedilhando com a ponta do dedo as curvas do meu corpo. ── Como foi o dia?

── Agitado. — Ri. ── E o seu?

dizeres, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora