007

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Marina

Entrei em casa e vi as malas já arrumadas na sala e uma zona de brinquedos no mesmo cômodo. No chão, Helena brincava com algumas bonecas e Richard estava sentado com Bernardo entre suas pernas, o incentivando a firmar as perninhas. Cenas como essa curam toda a instabilidade emocional que habita dentro de mim.

── Que zona é essa, meu pai? — Falei fechando a porta atrás de mim e, ao me ver, Bernardo deu os braços e começou a rir. Helena foi indiferente. ── Estamos brincando de que?

── Barbie. — Richard respondeu com tom de poucos amigos e eu ri alto após ele se virar para mim.

Meu marido tinha a parte da frente do seu cabelo atado com uma xuxinha e maquiagem muito mal feita pelo rosto.

── O papai é a Raquel, eu sou a Barbie e o Bê é a Sparkles, o meu cachorro! Você pode ser a Midge, mamãe!

── Por eu tenho que ser a vilã? — Richard perguntou sem humor enquanto eu pegava Bernardo no colo. ── Eu posso ser o Ken!

── Não, você é a Raquel! — Respondeu.

── Eu vou adorar ser a Midge, sempre quis ser ela! — Falei colocando meu filho sobre minhas pernas, de frente para ela.

── Essa menina vai se crescer e se tornar a Regina George ainda! — Ríos resmungou.

── O Barbie, o nosso vôo é daqui a pouco, você já foi tomar banho para poder tomar o remédio? — Perguntei.

Nosso vôo seria amanhã pela manhã, mas conseguimos um lugar no noturno de hoje e é muito melhor quando é de noite porque os dois ficam dormindo. E eu também!

── Mas o remédio é ruim! — Resmungou. Até a forma como ela reclama é igual ao pai dela.

── Amor, fica com ele, eu vou tomar banho e já dou banho nela. — Falei o entregando e o mesmo pegou. ── Você não pretende viajar assim, né?

── Por que não? Você não sairia comigo assim? Você é homofóbica, Marina Montoya?

── Olha, se for uma gay bonita, eu realmente não ligo mas minha vida, você tá parecendo aquelas vagabunda de esquina! — Falei o encarando. ── Sabe a Natasha Caldeirão?

── Quem é Natasha Caldeirão? — Helena perguntou.

── Eu quero o divórcio! — Richard pontuou. ── Eu acho que eu vou tomar banho, eu e o meu filho já que nós somos os descriminados aqui. Eu sou a vagabunda e ele o cachorro! — Falou levantando.

── O que é uma vagabunda? — Helena o encarou.

── Não fala isso na frente dela, filho da mãe. — Falei entredentes. ── E uma coisa, o batom que ela usou em você é vinte e quatro horas, não vai sair com nada!

( • • • )

── Frederico! — Me abaixei enquanto o mesmo correu até mim, pulando e me lambendo. ── Você tá fedendo, tá precisando de um banho!

── Você também e nem por isso eu falei nada! — Richard falou se abaixando ao meu lado para fazer carinho no cachorro e eu o encarei. ── Tô brincando, vida, para de ser estressada!

dizeres, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora