052

3.3K 248 24
                                    

Marina

Me sentei no tapete e abracei minhas pernas, observando a cena fofa que durou poucos segundos já que ao me ver, minha filha correu para os meus braços.

── Sabia que eu te escolhi? — Falou pegando no meu cabelo. ── Você precisava de mim!

Crianças e telas, já falei para o Ríos não deixar ela ter muito tempo de tela porque depois ela fica misturando ficção e vida real.

── Ah, é? — Falei encarando seus traços.

── Sim, eu prometi que não ia deixar você sozinha porque você queria ficar sozinha demais aí me mandaram para cá, eu tava lá em cima. — Apontou para o teto e eu franzi o cenho. ── Você era muito bonita, eu te acompanhei por um tempão. Eu via você e o meu pai brigando, sabia?

── Helena, do que você tá falando?

Ela ficou me encarando por uns segundos e em seguida voltou e encarar o urso na mão dela, ainda deitada sobre minhas pernas.

── Eu escolhi você para ser a minha mãe porque você precisava de mim e porque você era bonita. — Falou brincando com o urso e eu vi a benção que eu casei entrando no cômodo sozinho e eu o encarei.

── Você tá deixando ela ter acesso a telas de novo, Richard? Isso piora o TDAH! — Falei e ele me encarou.

── Até parece que minha voz é válida aqui dentro, por mais que eu queira não, não dei telas para ela. — Falou vindo até mim. ── Por quê?

── Eu prometo que eu vou ficar sempre com você! — Helena falou me abraçando com força e eu arregalei os olhos, a abraçando de volta. Beijei o topo da sua cabeça, sentindo o toque leve da minha filha. O tanto que eu amo essa criança não tá nem escrito!

── E eu? — Ríos perguntou mexendo no braço dela.

── Ríos, que meia feia. — Falei encarando após ver que ele estava usando uma meia de unicórnio e ele me encarou.

── Ainda bem que te perguntei! — Falou fazendo um certinho com a mão e se levantou. Foi por isso que eu me apaixonei? ── Temos compromisso hoje!

── Não! Você tem, você tem jogo, eu tenho compromisso com a minha cama, minha coberta e uma série.

── Não vai ir? — Perguntou decepcionado e eu me senti culpada. Richard não entende ironia!

── Claro que eu vou, seu infame, eu só estava brincando! — Respondi e a feição dele mudou para uma mais aliviada. ── Você tá falando isso durante a semana toda.

── Ah, é importante, né? Não é decisivo mas é semifinal.

( • • • )

── Já estivemos aqui antes! — Ouvi a voz de Johana e me virei, abrindo um sorriso largo.

── Meu Deus, quanto tempo?! — A cumprimentei. ── Realmente, a diferença é que na época nossos respectivos maridos eram apenas namorados e estavam no mesmo time.

Barcelona contra Racing, não faço ideia de que campeonato é esse. A conheci quando eu nem namorava o Richard ainda, uns dias antes do pedido de namoro em um jogo da seleção ainda.

── É, última vez que eu te vi você não era mãe! — Respondeu. ── Ah, quase explanei o pedido de namoro aquele dia que foi por água abaixo.

── Ele me contou que ia me pedir no ouvido porque eu não queria plateia. — Falei encarando Bernardo espalmando o vidro do camarote, onde dava para ter a visão da torcida e do campo. ── Ai me pediu na mesma noite de madrugada, um frio do diabo, mas foi muito fofo!

── Fico feliz que vocês tenham dado certo, o Marino mostrava foto sua e de vocês para todo mundo, segundo o Juan agora ele mostra a foto da menina de vocês.

── Ah, a Helena é o xodó dele, nunca vi igual! — Falei direcionando meu olhar para a mesma, que estava sentada em um canto quieta. Tem coisa errada aí. ── E vocês? Estão bem?

Mas também não tem criança nenhuma da idade dela para brincar, a única criança que tem tá mexendo no celular então não tem quem divirta ela além do irmão dela, que ela não gosta de brincar junto por ter ciúmes.

── A gente passou por uma crise feia depois da virada, tudo nele me irritava, cheguei a desconfiar que eu estava até grávida porque até a voz dele me dava raiva, mas não era! Precisava de mim mesma de volta, tirei um tempo, viajei sozinha e descarreguei, voltei e ficamos bem.

Arqueei as sobrancelhas, surpresa com a coincidência. Minha viagem tá próxima e eu tô com boas expectativas sobre isso.

── Sei como é, mas que bom que ficou tudo bem. Também passei por essa crise, ou meio que tô passando.

── Você sente raiva do seu marido?

── Não! Só muitas brigas, desentendimentos. Eu tô ficando maluca! Minha irmã me deu a ideia de viajar sozinha para descarregar, comprei as passagens já, tivemos uma conversa que me tirou um peso assim mas eu continuo bastante sobrecarregada. — Contei encarando o campo e procurando Ríos com os olhos.

── Vai te ajudar bastante, nem imagino como deve ser, eu tenho uma filha e um marido que me dão dor de cabeça por sete! — Falou e eu dei risada.

── O pior é que a minha dor de cabeça vem do Richard, apenas, a Helena por mais que ela seja agitada eu nunca tive dor de cabeça com ela. Só por ela!

── Ah, eu ia te falar disso. E aquele rolê com a Natália? Eu ri tanto assistindo o vídeo, a menina ficou sem cabelo e ela é maior do que você!

── Foi por causa da Helena, quando eu e o Richard terminamos ele achou uma ideia coerente catar a ex dele e deixar a filha dele ver ela ainda. Ai ela, como uma boa pretendente a madrastra, foi lá e puxou o braço dela e chamou ela de chata. — Contei. ── E deu no que deu! E como se não bastasse, depois que nós voltamos, ela resolveu mandar mensagem para ele se atirando para cima dele e chamando a nossa filha de pestinha e encrenqueira.

── Deus que me livre dessas, Marina, eu abomino mulher que briga assim mas se mexerem com a minha terrorista... Só eu posso falar mal!

── Exatamente. Só eu posso xingar e nem eu faço isso, por que ela se sente no direito?

── E você fez o que?

── Nada, meu marido me controlou. — Rolei os olhos. ── Infelizmente.

dizeres, richard ríos. Onde histórias criam vida. Descubra agora