Capítulo 2-O PASSEIO NO PARQUE

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Acordo, ainda sonolenta, com o alarme tocando! Resolvo, então, dar uma espiada pela janela, para ver como estava o tempo. Infelizmente, não era muito animador! São Paulo possui um clima que varia muito, às vezes em um só dia, temos todas as estações! A garoa que a definia, atualmente, convenhamos, não tem tanta incidência como antigamente! Já arrumada, tomei o meu café, alimentei os meus meninos e organizei tudo. Ouço o interfone e era o rapaz da portaria dizendo que Laura estava lá embaixo me esperando. Pedi que a avisasse que já estava descendo.

Minha amiga preferiu não subir, pois sabia que, se fizesse isso, pegaríamos no papo e sairíamos tarde. Em dezembro, tudo fica mais movimentado, principalmente as ruas, as lojas dos Shoppings, bares, restaurantes, parques. O trânsito, então, fica mais caótico do que já é! Escolas entram em férias, algumas empresas fazem pequeno recesso, as pessoas saem às compras em busca de presentes para o Natal. Na minha área, a justiça faz uma parada, também. Então, neste período, o escritório entra em férias coletivas e retomamos as atividades só na segunda semana de janeiro.

O Parque do Ibirapuera é um dos principais pontos turísticos de São Paulo. Ali é o lugar perfeito para se praticar atividades físicas. Se não quisermos correr ou caminhar, podemos andar de bicicleta, pois lá tem ciclofaixa, o que não atrapalha os que estão correndo ou caminhando. Também temos outras opções para divertimento, Museu, a Praça Burle Marx, o Pavilhão Japonês, Bienais. Enfim, um espaço para distrair, se movimentar e aprender coisas novas.

Entramos no Parque e começamos a caminhada, conversando tranquilamente. Eu ia observando a paisagem, as pessoas, o lago. Apesar do tempo encoberto, não estava frio e, ao caminharmos, sentíamos o mormaço. Laura, uma avó super coruja, falava toda empolgada sobre a festa para a Bia. Eu não ficava atrás, pois era uma madrinha toda coruja, também!

Minha amiga  mudou de assunto e começou a falar do show que a filha iria assistir mais tarde, no Allianz Park:

— Ju, precisa ver a empolgação da Carol pelo show de hoje! É o cantor que ela adora! Dizem que, além de muito talentoso, é um ser humano incrível! Ela disse que além de tudo isso é  um gato! Se tivesse aceitado ir ao show, poderia aproveitar e interagir com mais pessoas, se divertir!

— Imagina, Laura, tem cabimento? Retruquei.

— Qual o motivo para não ter cabimento? Não entendi!Pergunta Laura.

— O público deve ser bem mais novo do que eu e você! Não conheço o cantor, me sentiria deslocada!

— Nada a ver, Ju, hoje em dia as coisas estão mudando, coloque isso na sua cabeça! Falou Laura, brava comigo!

— Ok, Laura! Mas, mesmo assim, não me sentiria confortável!

Minha amiga, então, resolveu não insistir mais no assunto e continuamos a caminhada, agora um pouco mais concentradas! O sol começou a aparecer, mas ainda estava fraco. Nos hidratamos e eu sugeri à ela para irmos ao Pavilhão Japonês, pois amo aquele local, sinto muita paz! Nele foram empregados materiais e técnicas tradicionais japonesas. Usaram como referência o Palácio Katsura, antiga residência de verão do Imperador em Kyoto. É muito lindo de se ver! Foi construído às margens do lago do Parque, tem salão de exposição, jardim, além de um belíssimo lago de carpas.

Então, nos dirigimos ao Pavilhão. No caminho, resolvi dar uma corridinha, mas tropecei em algo e quando me dei conta, estava no chão. Eu vestia uma bermuda de academia e, ao cair, acabei machucando o joelho.

— Que merda! Reclamei, pois o joelho doía!

Laura veio correndo em minha direção e auxiliou-me a me reerguer. Perguntou se estava tudo bem!

— Foi o joelho, nossa , está doendo! Resmunguei !

— Vem, senta aqui no banco para eu ver o machucado. Diz Laura.

E ela viu que meu joelho sangrava, me sugeriu que fossemos ao Ambulatório do Parque, para que fizessem o curativo. Nessa hora, veio em nossa direção um rapaz, que vestia uma bermuda cinza-escuro e um moletom claro. O capuz cobria o boné, que era de cor azul. Em uma das mãos, segurava uma sacola pequena e na outra os óculos escuros.

Bem alto, magro, de características européia, pelo menos foi o que achei! Ele ficou nos olhando e observando o que falávamos. Se comportava de uma forma, como se quisesse ajudar, mas não sabia como.

— Oi, tudo bem? Laura pergunta a ele.

Ele, se aproximando de nós, pergunta: —"Do you speak in english?"

Respondemos que sim. E então, quis saber o que havia acontecido e Laura explicou sobre o meu tombo. Olhou para o meu joelho e viu que ele sangrava! Se agachou, apoiando um dos joelhos no chão, para ver melhor, me pedindo permissão para pegar em minha perna. E eu permiti.

Agora, mais perto, pude observar o seu rosto. Ele era muito bonito! De pele muito branca, possuía uma barba rala, com pelos quase ruivos. Seus olhos, muito verdes, olhavam o meu machucado com atenção! Tudo nele era perfeito e sua expressão séria e compenetrada o deixava mais lindo! Por um instante, nossos olhos se cruzaram e eu desviei o meu olhar. Ele era do tipo que olhava fixamente em nossos olhos. O jeito calmo dele falar, o sorriso, a espontaneidade nos gestos, me deixavam encantada!

Tive vontade de perguntar o nome dele, mas fiquei com vergonha. Suas mãos eram muito delicadas! Pegava em minha perna, tomando muito cuidado! Notei que em sua mão esquerda, entre o polegar e o indicador, havia tatuado uma cruz.

— Desculpe, não me apresentei! Prazer, meu nome é Haroldo! E me deu a mão, pegando com a outra os óculos.

— Prazer, Haroldo, meu nome é Juliana e da minha amiga aqui é Laura.

Ele cumprimentou Laura e depois, olhando para mim, falou:

— Juliana, é a primeira vez que venho nesse Parque, aqui tem local para pronto atendimento?

— Sim! Tem sim! Eu e minha amiga já estávamos com essa intenção de irmos até lá, quando você se aproximou!

— Perfeito! Porque precisa fazer curativo, seu joelho está sangrando e um pouco inchado! Respondeu Haroldo, continuando a falar:

— E fica perto ou longe de onde estamos? Porque, com certeza, deve estar ruim para caminhar por muito tempo!

— Não fica muito longe, né, Laura? Perguntei e ela me respondeu em seguida:

— Não, fica quase perto daqui, conseguimos andar até lá!

— Entendi! Se não houver nenhum problema, posso ajudá-las! Duas pessoas segurando, fica mais fácil! Se oferece gentilmente, Haroldo.

— Sim, sem problema! Respondi.

Haroldo, então, nos auxiliou a irmos até o Ambulatório do Parque. Ele ia me segurando com muito cuidado e com muito respeito! Tinha um perfume suave, gostoso de sentir! Poderia dizer e, com toda certeza, aparentava ser bem jovem, acredito que na faixa da idade da Carol!

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