Capítulo 51

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Alfonso estava parado, sem rumo, perdido em pensamentos. Cada detalhe do garotinho parecia se repetir em sua mente, como uma imagem vívida que não conseguia afastar. Ele ficava lembrando da expressão de dor no rosto do menino enquanto chorava, do jeito como ele apertava o dinossauro de pelúcia, como se tentasse se agarrar àquela pequena coisa de conforto, em um mundo que parecia ter sido virado de cabeça para baixo por um simples acidente.

Alfonso: O nariz.... o rosto... o olhar dele...

Ele revivia, em cada detalhe, o momento em que viu o menino cair, o desespero em seus olhos, e a dor que o garoto sentia, ainda mais evidente quando ele olhou para Any, esperando por um consolo que só ela poderia oferecer.

Alfonso: O que era aquele olhar? Será que... será que ele...

Sua mente dava voltas, tentando encaixar as peças de um quebra-cabeça que não queria formar. O menino era tão parecido com ela, mas não podia ser possível. Não podia. Era só uma coincidência, não era? Era impossível. Mas, mesmo assim, uma dúvida silenciosa começou a brotar dentro dele, uma semente que crescia cada vez mais.

Alfonso: Não, isso não faz sentido... Não pode ser... Mas... e se fosse? O menino... ele tem o mesmo olhar, o mesmo jeito...

Cada detalhe parecia apontar para um único ponto: o garoto que ele acabara de conhecer era mais do que apenas um filho de Any. Algo dentro dele sentia que a conexão estava mais próxima do que ele imaginava, uma ligação silenciosa que se estendia mais longe do que ele gostaria de aceitar. O coração de Alfonso apertava a cada pensamento, mas ele não conseguia parar de pensar.

Alfonso: Eu preciso saber. Preciso descobrir se... se ele é o meu filho.

A dor de não saber a resposta o consumia, e ele sentiu uma urgência crescente. Mas ao mesmo tempo, havia um medo profundo dentro dele: o medo de que fosse tarde demais, o medo de que o vínculo que ele tinha com aquele menino fosse irremediavelmente perdido.

Alfonso sabia que precisava de alguém em quem confiasse, alguém que pudesse ajudá-lo a organizar os pensamentos, alguém que fosse capaz de olhar para ele e não apenas ver as suas angústias, mas também o ajudasse a enxergar a verdade que ele ainda se recusava a aceitar. Foi por isso que, depois de muito refletir sobre o que fazer, ele tomou a decisão de ir até a casa de Rafael.

E naquela tarde, cheio de perguntas e emoções conflitantes, não havia ninguém mais adequado para ouvir suas palavras sem julgá-lo.

Quando chegou à casa de Rafael, ele tocou a campainha e aguardou. O som do interfone ecoou pela casa silenciosa até que a porta foi aberta. Rafael apareceu, com o semblante amigável, mas logo percebeu o peso nos olhos de Alfonso. Algo estava diferente.

Rafael: Alfonso? O que aconteceu? Você nunca aparece sem avisar

Alfonso não respondeu imediatamente. Ele entrou, deixou a porta se fechar atrás de si e se dirigiu até a sala de estar, onde ambos costumavam conversar por horas. Rafael o seguiu, ainda com um olhar curioso.

Alfonso: Eu... não sei o que fazer, Rafael.

Ele se sentou no sofá, as mãos nos joelhos, tentando organizar as palavras. Rafael, sem pressa, se sentou ao seu lado, esperando.

Rafael: Fala, amigo. O que está pegando?

Alfonso: Ela voltou....eu a vi, e estava com um garoto

Rafael levantou uma sobrancelha, claramente surpreso.

Rafael: O que aconteceu? Você se encontrou com ela?

Alfonso olhou para Rafael, a tensão crescendo em seu peito. Ele sabia que estava prestes a compartilhar algo que poderia mudar tudo, algo que ele ainda não sabia se queria aceitar. Mas ele precisava dizer, precisava colocar em palavras o que estava consumindo sua mente.

Quando é amorOnde histórias criam vida. Descubra agora