Alfonso, em sua dor e confusão, não conseguia aceitar o que havia acontecido. A cada momento de silêncio, sua mente revisava as palavras cruéis de Any, tentando encontrar uma explicação. Algo dentro dele dizia que havia mais naquela história, mas as evidências eram esmagadoras.
Ele começou a ligar para o celular de Any. No início, com esperança de que ela atendesse e esclarecesse tudo. Porém, cada tentativa caía diretamente na caixa postal, o que apenas aumentava sua frustração. Ele deixou mensagens, a voz embargada pelo desespero:
Alfonso: Any, por favor, me liga. Eu preciso falar com você. Se isso é algum mal-entendido, me explique. E, se não for... eu só quero entender.
Quando percebeu que o celular dela não seria uma opção, passou a ligar para o telefone da casa. Porém, nem mesmo esse esforço trouxe resultados. A linha parecia morta, como se tivesse sido desconectada.
Os dias foram se passando. A cada tentativa frustrada, Alfonso sentia o peso do vazio crescer. Ele começou a imaginar o pior: "Será que ela me bloqueou de propósito? Será que realmente não me ama? Tudo o que vivemos foi uma mentira?" Essas perguntas ecoavam constantemente em sua mente.
Durante o dia, ele tentava manter alguma aparência de normalidade, mas as noites eram especialmente difíceis. Sentado na escuridão de seu apartamento, com o celular nas mãos, ele se via preso em um ciclo de ligações e mensagens, mesmo sabendo que não haveria resposta.
A dor de não conseguir alcançar Any era quase insuportável. Ele sentia que estava sendo apagado da vida dela, excluído como se nunca tivesse existido. E ainda assim, mesmo diante de tudo, algo em seu coração recusava-se a desistir.
Alfonso, cada vez mais perdido, começou a procurar desesperadamente por Any. Ele procurou por amigas, conhecidas e até por colegas de trabalho dela. Mas, para sua surpresa, ninguém parecia saber de nada. Algumas amigas disseram que não falavam com Any há algum tempo, enquanto outras pareciam genuinamente confusas com seu desaparecimento.
O tempo, que inicialmente parecia apenas uma série de horas intermináveis, transformou-se em dias, semanas e, eventualmente, meses. Cada tentativa frustrada de encontrar respostas apenas aprofundava a ferida no coração de Alfonso. Ele revisitava os lugares que costumavam frequentar juntos, como se esperasse que, em algum momento, ela simplesmente aparecesse.
As redes sociais de Any estavam inativas, e ele começou a se perguntar se isso era um sinal de que algo estava errado ou simplesmente parte do plano dela de cortá-lo de sua vida. Alfonso até cogitou contratar alguém para investigá-la, mas algo em sua ética o impediu.
No fundo, ele queria acreditar que a Any que ele conhecia – doce, compassiva e verdadeira – não poderia ter feito isso sem motivo. E, mesmo sem respostas, uma parte dele se recusava a aceitar que tudo que viveram fosse uma mentira.
Alfonso: Você não é assim, Any — ele murmurava para si mesmo nas noites solitárias. — Eu conheço você... ou achava que conhecia.
Enquanto os meses se passavam, Alfonso começou a perceber que, apesar da dor, ele precisava seguir em frente. Não porque quisesse, mas porque o peso do vazio o estava consumindo. Ele voltou a dar aulas, mas seu olhar frequentemente se perdia durante as explicações, lembrando-se de momentos que compartilhara com ela.
Sentado em frente ao seu computador, Alfonso finalizava o seu livro. As palavras fluíam com mais facilidade do que ele imaginava, mas a satisfação de concluir o projeto era ofuscada pela dor constante que o acompanhava. Cada frase que ele digitava parecia estar em sintonia com o turbilhão emocional que ainda o dominava. Escrever tinha sido, talvez, a única forma de aliviar um pouco a angústia que se acumulava dentro dele.
Ele olhava para a tela, revisando as últimas páginas com atenção, mas o que mais ocupava sua mente era o vazio deixado por Any. Cada capítulo, cada parágrafo, continha um reflexo das coisas que ele desejava contar a ela, sobre o que sentia, sobre o que não conseguia entender. A ausência dela parecia ter se infiltrado no próprio texto, tornando-o mais melancólico, mais repleto de incertezas.
Enquanto finalizava o último capítulo, Alfonso fechou os olhos por um momento, permitindo que a lembrança de Any preenchesse sua mente. Ele se lembrou do brilho nos olhos dela, das conversas longas até altas horas da noite, da forma como ela ria, como se não houvesse mais nada no mundo a impedi-los de serem felizes juntos.
"Eu não sei como escrever sobre você sem que cada palavra se quebre em dor, sem que a saudade me consuma completamente. Eu me vejo preso a essa lembrança, como se sua imagem ainda estivesse diante de mim, como se o perfume do seu cabelo ainda flutuasse no ar. Mas, ao mesmo tempo, é como se eu estivesse tentando segurar algo que se desfaz entre os meus dedos, algo que agora é só uma sombra do que já foi.
Você entrou na minha vida como uma tempestade, trazendo luz e calor, uma energia que eu nunca imaginei que sentiria. Me fez acreditar no que antes parecia impossível: no amor, no verdadeiro amor. Cada sorriso seu, cada olhar, cada gesto era um lembrete de que eu tinha encontrado o que sempre procurei. Você era a paz em meio ao caos, a alegria nas horas mais tristes.
E agora, sem você, tudo o que me resta é um silêncio que ecoa, vazio e profundo. As palavras que você me disse, as palavras que você me deixou, são como um peso constante, uma dor que eu não consigo afastar. Você me disse que não havia mais espaço para mim, que eu era uma distração, que tudo o que vivemos não passava de uma ilusão. Como posso acreditar nisso, Any? Como posso aceitar que tudo o que foi tão real para mim tenha sido apenas uma mentira para você?
O que mais dói é saber que você se foi, sem ao menos me deixar entender o porquê. Eu queria, tanto, ter a chance de ouvir sua voz, de saber o que aconteceu, de entender o que nos destruiu. Mas você se afastou, como se eu não fosse mais digno do seu amor, como se nada do que vivemos tivesse importado.
A saudade que eu sinto de você é um peso que eu carrego todos os dias. Não consigo deixar de pensar no que poderia ter sido, no que ainda poderia ser se as coisas tivessem sido diferentes. Eu te amei, Any, mais do que eu pensei ser possível. Eu te amei com uma intensidade que agora me destrói por dentro, porque sei que você nunca mais vai olhar para mim da mesma maneira.
E, no fundo, eu sei que você nunca entenderá o que eu sinto. Mas, mesmo assim, eu te escrevo, para tentar encontrar alguma forma de fazer as palavras que não consegui dizer chegarem até você. Eu te amo. Eu te amei com todo o meu ser. E, por mais que você tenha se ido, uma parte de mim vai te amar para sempre."
Mas agora, tudo isso parecia tão distante, tão inalcançável. Ele sabia que a vida de ambos havia mudado de maneira irreversível, mas o peso da dúvida ainda o consumia. O livro agora estava pronto, mas ele sentia que, de alguma forma, ele também precisava concluir sua própria história, a história deles.
Fechando o computador, Alfonso respirou fundo, olhando para a tela em branco que se desenrolava à sua frente. Talvez, um dia, ele encontrasse as respostas que procurava. Ou talvez a resposta já estivesse dentro dele, nas páginas que acabara de escrever, nas palavras que nunca mais poderiam ser ditas.
Ele aprenderia a conviver com a ausência de Any, mesmo que isso significasse carregar a dor como um lembrete constante de tudo que viveram juntos.
"E diz a lenda: Que um dia você vai amar alguém, que não te pertence.
Eu conheci a pessoa que vou amar pelo resto da vida! Mas vou viver a vida toda sem ela!"
FIM?
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Quando é amor
Roman d'amourA gente não encontra o amor, o amor te encontra, e quando te encontra te arrasa, te tira o ar, e tudo oque te importa é amar, sem razão, sem especulações, amar é só amar porque essa é a verdadeira natureza lesa do amor.