Apesar da péssima relação com Any e da mágoa profunda que ela guardava dele, Carlos Daniel sempre encontrou uma maneira de se fazer presente na vida da filha e, principalmente, do neto. Assim que soube da gravidez, algo dentro dele mudou. Ele percebeu que tinha uma nova chance de se redimir, ao menos parcialmente, de seus erros. Londres, embora distante, tornou-se um destino frequente para ele.
Carlos estava em Londres no dia em que Noah nasceu. Ele esperou pacientemente no hospital, ansioso e, de certa forma, emocionado por saber que uma nova vida estava prestes a chegar. Quando segurou Noah pela primeira vez, sentiu-se conectado de um jeito que não sabia ser possível. Desde aquele momento, ele prometeu a si mesmo que estaria presente, independentemente de suas diferenças com Any.
E ele cumpriu a promessa. Carlos fazia questão de estar presente em todas as datas importantes. No Natal, embarcava para Londres com malas cheias de presentes e enfeites especiais, trazendo consigo o calor e a tradição que sempre fizeram parte de sua personalidade. No Dia das Crianças, enviava não só brinquedos, mas também livros que alimentassem a imaginação de Noah, sempre com um bilhete carinhoso que deixava Any desconcertada. E, nos aniversários, fazia questão de participar da organização, seja ajudando nos preparativos ou apenas garantindo que Noah se sentisse o menino mais especial do mundo.
Mesmo nas visitas fora dessas ocasiões, Carlos não deixava sua presença passar despercebida. Ele reservava tempo para brincar com Noah, ouvir suas histórias e responder às suas perguntas curiosas. Aos poucos, foi construindo um vínculo único com o neto, que o adorava e sempre esperava ansiosamente por suas visitas.
Para Any, cada encontro com o pai era um desafio emocional. A mágoa que ela carregava não desaparecia facilmente, mas ela reconhecia o esforço de Carlos em ser um avô presente e amoroso. No fundo, sabia que, apesar dos erros, ele estava tentando fazer diferente com Noah, e isso era algo que ela não podia negar ao filho.
Carlos, por sua vez, via em Noah uma chance de redenção. Ele sabia que não podia mudar o passado com Any, mas podia construir algo significativo com o neto. E, assim, entre idas e vindas a Londres, ele se tornou uma figura essencial na vida de Noah: um avô que, apesar da distância e dos conflitos, estava sempre por perto, garantindo que o menino soubesse que era profundamente amado.
Era um dia típico de Londres, com o sol tímido surgindo entre nuvens esparsas, e uma leve brisa trazendo um ar fresco. A casa de Any estava cheia de vida, decorada com balões em tons de verde, amarelo e laranja, tudo no tema favorito de Noah: dinossauros. Uma faixa colorida dizia em letras grandes: "Feliz Aniversário, Noah!" Crianças corriam pelo quintal, rindo e brincando, enquanto adultos conversavam e aproveitavam o clima animado da festa.
Noah, com sua energia contagiante, era o centro das atenções. Vestindo uma camiseta estampada com um Tiranossauro Rex, ele corria de um lado para o outro, distribuindo sorrisos e mostrando a todos o seu entusiasmo pelo grande dia. Após apagar as velas de um bolo gigante em formato de dinossauro, Noah se afastou discretamente da agitação, carregando um dos brinquedos novos que tinha acabado de ganhar.
Ele encontrou um cantinho tranquilo no jardim, perto de uma árvore frondosa que Any sempre gostava de destacar como um refúgio. Foi lá que Carlos Daniel, seu avô, o encontrou sentado, segurando o brinquedo e balançando os pés distraidamente. Carlos vinha carregando um embrulho pequeno, envolto em papel azul com um laço simples.
Carlos Daniel: Então, o aniversariante decidiu escapar da própria festa? — brincou ele, sentando-se ao lado de Noah.
Noah olhou para o avô com um sorriso travesso, apontando para o dinossauro em suas mãos.
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Quando é amor
RomansA gente não encontra o amor, o amor te encontra, e quando te encontra te arrasa, te tira o ar, e tudo oque te importa é amar, sem razão, sem especulações, amar é só amar porque essa é a verdadeira natureza lesa do amor.