Cinco semanas e doze encontros depois, Bruna e eu estávamos namorando. Eu não encontrei com seu pai – e não planejava encontra-lo por, no mínimo, mais cinco meses de namoro. Os dois tiveram uma conversa amigável e ele não apresentou nenhum empecilho. Estabeleceu horários, limites e, como acontecia com todos os pais, pediu que ela fosse extremamente cuidadosa em tudo o que fizesse. Todos nós sabemos ao que exatamente ele se referia ao falar esse "tudo" e, quanto a isso, até então, não havíamos tido nenhum problema.
Ao contrário de mim, ela já havia conhecido minha família. Se dava muito bem com as gêmeas e a mãe não economizava elogios. No domingo passado, havíamos almoçados juntos. Quando Bruna revelou que Arroz à grega era seu prato favorito, minha mãe literalmente bateu palminhas de animação. Em seguida, já convidou – ou melhor, estabeleceu – que Bruna e seu pai viessem à nossa casa para um almoço. Claro que Bruna ficou felicíssima com o convite, mas logo avisou que seu pai estaria viajando e não poderia comparecer. Quanto à isso, fui eu quem fiquei felicíssimo.
As gêmeas também ficaram muito animadas. Passavam o tempo falando sobre coisas de cabelos, músicas pop, sapatos e essas coisas. Uma vez ou outra, Bruna olhava pra mim e sorria. Enquanto isso eu assistia a um episódio de Law&Order com a mãe e seu namorado fitness, embora ela estivesse com um ouvido na conversa das garotas e um sorriso abobalhado no rosto.
Eu pensava que o almoço seria muito estranho, devido a toda a história com Isabela, mas não foi o que aconteceu. Pelo contrário, foi bem agradável. Exceto a parte que precisei sentar ao lado do namorado novo da minha mãe e ouvir milhares de histórias de suas viagens à exposições de suplementos alimentares. Felizmente, minha mãe e Bela era muito melhores em trazer assunto à mesa.
─Então, Bruna, com o quê seu pai trabalha? – A mãe perguntou quando eu já estava prestes a empurrar a cabeça sem miolos daquele cara no prato.
─Ele é empreiteiro. – Bruna respondeu. – É um bom trabalho com um bom salário, mas exige muitos sacrifícios. Nos vemos muito pouco e fico sozinha a grande parte do tempo.
Minha mãe pareceu se comover.
─Nossa. E sua mãe, o que acha disso?
Senti um peso de culpa na consciência por não ter falado à ela sobre a mãe de Bruna. Bruna e eu não conversávamos muito sobre isso, eu não sabia se era um assunto que conversava facilmente ou se ainda era algo difícil de se lembrar. Eu torcia para que fosse a primeira opção.
─Minha mãe faleceu quando eu era criança. – Bruna disse normalmente. Acho que a primeira opção era a correta. – Faz tanto tempo que não me lembro muito bem dela. Mas sei que era uma mulher muito bonita.
─Oh, querida. – A mãe falou. – Tenho certeza que sim. Assim como você.
Depois minha mãe começou a falar sobre minha versão na infância e foi quando a conversa se tornou constrangedora. Eu era uma criança feliz, mas bastante estranha em comparação às outras crianças.
No momento que ela começou a falar sobre meu imenso desejo em ser o Capitão América, minha vontade era sair correndo daquela cozinha. Porém me segurei e sorri como se estivesse achando toda aquela situação engraçada. Admito que ter Bruna segurando minha mão o tempo todo e sorrindo pra mim com doçura ao ouvir aquelas histórias me fazia feliz. Mesmo tendo minha mãe me constrangendo e seu namorado mané falando mais baboseiras do que um adolescente.
Quando Bruna foi embora, minha mãe me abraçou e sorriu.
─Ela é ótima.
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Eu, você e o tempo entre nós
Teen FictionOs romances vitorianos só existem na literatura e Isabela tinha plena convicção disso. Ponto. Ao menos era o que achava ao pôr um ponto final em seu namoro com Otávio, após dois anos de um relacionamento que passeou por uma montanha-russa de emoções...