35. Notícias não tão boas assim (Por Isabela).

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                                                              Um ano depois

            Meu corpo estava implorando por um pouco de descanso, mas Regina não estava querendo colaborar. Naquele dia ela havia acordado com um humor terrível e uma fome de leão – já era a quinta vez que mamava e ainda nem passava das seis horas. Sorte a minha que eu estava de licença do hospital ou já estaria desfalecida no meio da sala de tanto cansaço;

─Zoé, já recolheu seus brinquedos? – Perguntei quando a vi passar sorrateiramente ao meu lado.

─Sim, mamãe.

─Onde eles estão?

─No cesto.

─Muito bem. – Eu disse. – O que acha de assistir a algum filme?

Ela correu até o sofá e pulou ao meu lado.

─Pode ser Kung Fu Panda?

Sorri para seu pedido inusitado. Nem tão inusitado já que ela nunca havia gostado de filmes de princesas.

─Pode ser o que você quiser. Segure sua irmãzinha pra que eu possa colocar o DVD. Segure bem sua cabeça pra ela não se machucar, está bem?

─Desse jeito?

─Desse jeito.

Fui até o armário onde estava as centenas de DVD de Zoé e procurei, com dificuldade, o do Kung Fu Panda. Eu não gostava muito da animação, mas longe de mim que Zoé soubesse disso. Não demoraria muito para que ela caísse no sono. Era o que sempre acontecia.

Coloquei o DVD no aparelho e ela já se animou desde os trailers que antecediam o filme. Peguei Regina de seu colo e a coloquei no carrinho de bebê à minha frente. Ainda era cedo para coloca-la no berço. Em breve, ela acordaria faminta novamente.

Me acomodei no sofá e Zoé deitou-se com a cabeça apoiada em minhas pernas. O filme começou a passar e eu comecei a torcer para que ela adormecesse rápido. Eu estava com muito sono, talvez mais do que ela e Regina juntas. Precisava da minha cama antes que meu corpo ficasse tão fraco que nem do sofá eu fosse capaz de me levantar.

Meus olhos já estavam quase se fechando quando a porta foi aberta bruscamente. Zoé levantou-se, sempre alerta, e pulou do sofá ao ver de quem se tratava.

─Papai!

Se jogou nos braços do pai como se não tivesse medo de cair. Ele a envolveu carinhosamente e a trouxe consigo até onde eu estava.

─Não acha que já é hora de dormir, mocinha?

─Eu estou assistindo Kung Fu Panda com a mamãe.

Ele olhou para mim e deve ter percebido o pedido de socorro em meus olhos.

─Não acha que a mamãe precisa descansar um pouco? Ela passou o dia inteiro cuidando de você e da sua irmã.

Sem dizer nada, ela assentiu e abraçou o pai com mais força. César a levou para o quarto e demorou um pouco enquanto a aprontava para dormir. Foi o tempo que levei para desligar a televisão e colocar Regina no berço. Pela profundidade de seu sono, eu previa uma noite tranquila de sono para mim e César.

Quando César voltou para o quarto, desatou o nó de sua gravata e jogou o paletó sobre a cadeira da penteadeira.

─Estou exausto. – Ele disse. – Esses ingleses são difíceis de negociar.

Eu, você e o tempo entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora