─Quantos dias já fazem? – Carol tinha essa mania de falar gritando pelo celular. Eu realmente esperava que não houvesse ninguém por perto, muito menos alguém que me conhecesse. Não que eu tivesse algo a esconder, mas eu precisava ter certeza do que supunha antes da notícia virar tabloide em Brasília.
─Doze. – Eu respondi, jogando-me sobre a cama. Elis estava brincando com a coleguinha na casa da vizinha do apartamento ao lado. Finalmente, um domingo onde eu poderia descansar sem preocupações. Bem, exceto aquela. – É tão estranho. Nunca atrasou tanto.
─E você já comprou o teste?
─César foi comprar, já deve estar voltando.
─Meu Deus, Bela! Você sabe o que isso significa? – A empolgação de Carol era quase palpável, mesmo via telefone. Desde criança planejávamos como seria quando uma tivesse um bebê, estabelecemos que uma seria madrinha do filho da outra, até alguns nomes para a criança já havíamos pensado. Pensar que tudo isso poderia, finalmente, se tornar verdade era uma sensação estranha. – Um bebê! Nossa! Sempre pensei que eu fosse ter primeiro.
─Sabe que eu também? Você sempre foi mais descuidada do que eu.
─Ei! – Ela exclamou, aparentemente sentindo-se ofendida. – Não acha que está numa posição apertada pra me julgar?
Sorri.
─Poxa, Carol. O que eu vou fazer? – Perguntei. – Digo, claro que eu sempre quis um bebê e que se eu tiver vai ser muito amado, mas nunca pensei que fosse tão cedo. Eu só tenho vinte e um anos, ainda estou na faculdade, Elis ainda é criança. E papai! Ele vai enlouquecer!
─Seu pai? Duvido! – Pensando bem, eu também duvidava. Papai adorava crianças e saber que seu primeiro neto ou primeira neta estava a caminho, com certeza, o deixaria bastante feliz. – Seu pai vai soltar fogos! Todo mundo vai se perguntar se já é réveillon em Copacabana.
─Você tem razão. – Admiti. – Agora estou ansiosa. É errado que eu queira que dê positivo?
─Claro que não, amiga! É uma criança! Vai trazer tanta alegria! – Ela parou de falar por um momento e eu já ia perguntar se havia acontecido algo de errado. – Pensando bem, estou muito nova pra ser chamada de tia.
─Carol! - Rimos juntas pelo telefone até que ouvi a porta da frente se fechando. – Meu Deus, César chegou! E agora?
─E agora você vai fazer o teste. Fique calma. O que tiver de acontecer, acontecerá. Não se esqueça de me ligar assim que souber o resultado. Vou esperar com o celular amarrado na orelha.
─Me deseje sorte!
Desliguei o telefone na mesma hora que César entrou no quarto. Eu o conhecia muito bem para saber que estava aterrorizado. Ele era apenas quatro anos mais velho do que eu e, embora já fosse bem sucedido e conhecido em seu ramo, provavelmente tinha outros planos para executar antes de ter filhos. Eu estava tão entusiasmada em relação àquilo que sequer tinha parado pra pensar qual a opinião dele.
─O que você acha? – Eu perguntei, torcendo para que ele não desse uma resposta negativa. Seria tudo tão mais difícil...
César aproximou-se e tomou minhas mãos, delicadamente.
─Aterrorizante. – Foi o que respondeu. – Mas se estiver pra acontecer, seremos os melhores pais do mundo.
Aquela resposta me acalmou e me senti preparado para fazer o teste. César me entregou a sacolinha e deu um beijo carinho em minha testa.
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Eu, você e o tempo entre nós
Novela JuvenilOs romances vitorianos só existem na literatura e Isabela tinha plena convicção disso. Ponto. Ao menos era o que achava ao pôr um ponto final em seu namoro com Otávio, após dois anos de um relacionamento que passeou por uma montanha-russa de emoções...