Já eram quase seis horas da noite quando os pais vieram buscar as últimas crianças. Os irmãos pequenos de César dormiam esfarrapados no sofá e Zoé, exausta de tantas danças e cantorias, já cochilava no colo de seu pai. Eu estava na mesma situação, só que não tinha colo onde eu pudesse dormir. Me joguei no sofá, exausta, e enviei uma chamada para Carol pelo Skype. Quando terminamos de cantar os parabéns, ela tinha ido embora, afirmando que precisava de boas horas de sono. Falei que ligaria quando tudo se acalmasse.
─Te acordei?
─Não. – Ela respondeu. – Acordei uma hora atrás com o babaca do meu vizinho batendo prego em algum canto da casa. Devia pregar alguns nas próprias mãos pra parar de fazer barulho uma hora dessas.
─Ainda são seis horas. – Eu disse. – Deixe de tanto mal humor.
─Eu sei. É que tenho trabalhado como uma mula. Preciso dormir um pouco, mas enquanto esse monstro não parar, não tem como. Mas e aí, como foi a festa?
─Foi legal. – Respondi no mesmo momento que César passou com Zoé nos braços. Provavelmente iria coloca-la na cama. – Só não sei como vou entregar o presente final.
─Por quê? César já mamou e agora está dormindo?
─Engraçadinha. – Sorri. – Só estou com um pouco de medo.
─Não fique. – Continuou a falar. – Ele vai adorar, assim como seu pai, sua madrasta, o Renato. Assim como eu amei. Fico feliz em ver você se dando tão bem como sua família. Já que minha vida amorosa é um desastre, ver a sua evoluindo me deixa feliz.
─Ah, para com isso. E o Roberto? Não estão se vendo mais?
Roberto era o irmão gêmeo do roqueiro estranho que Carol estava saindo há uns meses. As coisas com o maluquinho não deu certo e ela acabou por conhecer o irmão dele, que era completamente o oposto: um engenheiro sério e muito respeitado em sua profissão. Só que pelo que eu conhecia de Carol, eu sabia que suas escolhas sempre pendiam mais para as esquisitices...
─Não. – Respondeu. – Muito pomposo. Só vive de terno e gravata e, pra mim, é a coisa mais broxante do mundo.
─Você, com certeza, não é como a Anastasia Steel.
─E ele, com certeza, não é o Christian Grey. Se fosse, eu até pensaria duas vezes.
Rimos juntas até que ouvi os passos de César se aproximando.
─Carol, tenho que ir agora.
─Boa sorte, amiga! E parabéns! Estou muito feliz.
─Você é a melhor.
Desliguei o celular e o joguei atrás das almofadas para que qualquer barulho fosse abafado. César beijou-me nos lábios e sentou-se ao meu lado, passando o braço atrás de mim.
─Nosso trabalho valeu a pena.
─Sim. – Falei. – Estou feliz que tudo tenha dado certo.
Ele virou-se para mim e pressionou os lábios contra os meus. Desceu as mãos pelas minhas costas e segurou minha cintura com força. Era insano porque seus irmãos estava dormindo exatamente no sofá ao lado e nossos pais poderiam voltar do estacionamento a qualquer momento.
Enquanto ele beijava meu pescoço, me afastei para que pudesse olhar em seus olhos.
─Precisamos conversar.
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Eu, você e o tempo entre nós
Teen FictionOs romances vitorianos só existem na literatura e Isabela tinha plena convicção disso. Ponto. Ao menos era o que achava ao pôr um ponto final em seu namoro com Otávio, após dois anos de um relacionamento que passeou por uma montanha-russa de emoções...