Não estava nos planos de Henrique repetir o último ano do ensino médio, mas, quando isso acontece, seu pai resolve lhe dar uma boa lição e o obriga a arrumar um emprego. Trabalhando no cinema da cidade, ele rapidamente conquista o desafeto gratuito...
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Demorou mais ou menos quinze minutos até que todos os homens fossem embora.
Sendo bem sincero, Henrique não tinha exatamente uma lista de coisas certas a se fazer. Maria havia traçado algumas possibilidades e apresentado a eles alguns planos, mas a partir do momento que colocaram os pés naquele lugar, ficou bastante claro a dimensão do problema que tinham arranjado. Era bem mais complexo do que parecia. Ainda escondido detrás da parede, fechou os olhos, os neurônios dentro de sua cabeça fervendo como nunca antes.
— Ah, graças a Deus. — Pensou que estava ficando maluco ao escutar a voz desconhecida chamá-lo, mas felizmente (ou infelizmente), não era aquele o caso. Cheio de medo, Henrique olhou para cima, deparando-se com o que parecia ser um dos garçons, olhando para ele enquanto segurava uma chave e uma tonelada de pacotes em seus braços. — Preciso que guarde isso no almoxarifado, acabou de chegar.
Bom, tecnicamente, ele continuava sendo um funcionário.
— Claro, sem problemas.
Pegando tudo em suas mãos, acenou ligeiramente para o homem enquanto o assistia ir embora, crente de que havia delegado a função a pessoa certa. Ah, a doce ingenuidade do primeiro dia de trabalho. Henrique então redefiniu seu olhar, antes concentrado no segurança, depositando-o no outro lado do corredor. Não eram tantas salas, de modo que não foi muito difícil encontrar o almoxarifado. O local, lotado de caixas e mais caixas, tinha um tamanho pequeno, suficiente apenas para o necessário.
Em um suspiro, analisou suas chances. Se continuasse ali, parado, sem fazer nada, logo o momento do leilão chegaria, e todo o esforço que haviam tido seria jogado fora. Pensar. Precisava pensar. Como poderia tirar o segurança de frente da porta? Sem dúvidas, ele só sairia por algo extremamente importante. Uma emergência. Mas o que de fato se classificaria como uma emergência para ele?
Uma briga?
Não, banal demais. Outros seguranças poderiam se encarregar da situação.
E que tal um tiroteio?
Muito extremo.
E também não tinha uma arma.
Pensar. Tinha que pensar.
Uma verdadeira emergência para ele seria algo como... claro! Uma ameaça às coisas que havia dentro daquela sala. Afinal de contas, era o seu trabalho protegê-las.
Em poucos minutos, um plano mirabolante e com muitas chances de dar errado se formou na cabeça de Henrique.
Prendendo o fôlego e entrando no personagem, suavizou seu semblante, espiando pela parede apenas para descobrir que o segurança continuava lá, do mesmo jeito, na mesma posição. Uma verdadeira rocha. Não era tão grande quanto o da entrada, o que definitivamente não anulava o fato de que ainda poderia parti-lo em mil pedacinhos. Em sua última aposta, Henrique se posicionou, contando até três, antes de sair correndo em disparada, numa surpreendente atuação de desespero: