Não estava nos planos de Henrique repetir o último ano do ensino médio, mas, quando isso acontece, seu pai resolve lhe dar uma boa lição e o obriga a arrumar um emprego. Trabalhando no cinema da cidade, ele rapidamente conquista o desafeto gratuito...
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— Eu temia tanto que esse dia chegasse e aqui ele está: você enlouqueceu de vez.
Henrique revirou os olhos com a fala da garota.
— Não tô ficando louco, Robozinha. Pensa só, essa é uma grande oportunidade. Você precisa de dinheiro pra pagar seu aluguel e eu preciso pra... — parou de falar de repente. Não podia contar para ela que queria ir embora da cidade. — Pra ficar rico — completou de forma desajeitada.
Ayla levantou as sobrancelhas.
— Você já é rico.
— Meu pai é rico, eu não — Colocou as mãos nos bolsos de sua calça. — Além do mais, foi você quem falou que não gosta que se metam na sua vida. Precisa fazer jus as suas palavras e não se meter na minha.
— Eu não tô me metendo na sua vida — Respondeu meio ofendida. — Só que é muito estranho você mostrar interesse por essa recompensa quando faz parte da família Montenegro.
Claro, sempre era isso. Henrique esperava ansiosamente pelo dia em que as pessoas daquela cidade entenderiam de uma vez por todas que ele não era a sua família, que não tinha nada em comum com seu pai, muito menos com seu avô.
Ayla, no entanto, interpretou o silêncio do garoto como um claro sinal de desistência daquela ideia absurda e passou por ele indo em direção a porta de saída.
— Espera — a chamou nervoso. Não podia perder aquela oportunidade, pois de forma alguma conseguiria resolver aquele caso sozinho. Precisava da inteligência de Ayla, só assim poderia colocar a mão naquele dinheiro. — Por favor, vamos tentar. A recompensa é de 100 mil reais, se conseguirmos recuperar o bracelete, cada um fica com 50 mil.
— Eu fico muito feliz por você saber matemática básica e conseguir dividir 100 mil por 2, mas não vai rolar.
— Por quê?
— Isso é praticamente cavar a própria cova. Eu não vou me meter com bandido e acho que existem formas menos perigosas de conseguir dinheiro pra pagar as minhas contas.
— Mas-
— Não, Henrique. Por favor, não insiste — Disse e saiu do vestiário, indo embora.
Era a grande chance de Henrique conseguir dinheiro para sair de Vinberurbo e a havia perdido.
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