Capítulo Trinta e Quatro

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"Ele morreu?"

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"Ele morreu?"

"Acho que não, ele ainda está respirando."

"A ambulância vai demorar?"

Não deveria ser tão difícil simplesmente calar a boca e aguardar o fim de tudo aquilo em silêncio. Não deveria, mas era. Ayla não podia culpá-los. Era praticamente impossível ficar calado diante daquela situação, concluiu por fim, ainda agachada ao lado do corpo ensanguentado de Fox. Um pequeno círculo de pessoas havia se formado ao redor dos dois, encarando a cena com olhares que oscilavam entre medo e curiosidade. Ao fundo, a chuva começava a dar sinais de que finalmente ia parar, ainda que suas roupas continuassem encharcadas. Já Henrique... bem, Henrique parecia partilhar do mesmo sentimento que ela: estava completamente perdido em meio àquela nova informação.

Bracelete. Ele realmente havia falado "bracelete"?

Piscou, atordoada, e olhou para o lado, na tentativa de estabelecer qualquer tipo de contato visual com o garoto ou então, com sorte, uma... conversa telepática? Seria de grande ajuda.

Ainda em choque, Henrique arriscou alguns passos à frente, mais ou menos preenchido de convicção, dando sinal verde para que Ayla continuasse:

— Fox — ela chamou, ignorando todo o barulho existente na rua. Mais pessoas chegavam ao local à medida que a notícia se espalhava pelo bairro. Ao escutar seu nome, Fox imediatamente abriu os olhos, ainda que com um pouco de dificuldade, depositando-lhe toda sua atenção. Seu estado era crítico. Estava respirando direito? Ayla suspeitava que não. Fazia um bom tempo que não via tanto sangue de perto. — Vai ficar tudo bem — assegurou, mais para si mesma do que para ele.

— O bracelete — Henrique interrompeu, logo atrás, a voz minúscula, mas alta o suficiente para que os dois escutassem. — Foi você? Você roubou o bracelete?

Direto. Ele sabia, mas suas opções de diálogo no momento estavam, digamos, um pouco limitadas. Rodear o assunto até chegar aonde realmente queria, definitivamente, não era uma delas, e não parecia a melhor escolha a se fazer. Precisava de uma resposta concreta.

Ayla também.

Ainda meio perdida, tentou se concentrar, todas aquelas vozes, uma por cima da outra, rompendo ao seu redor. Quantos minutos haviam se passado? Precisavam ser mais rápidos que a ambulância. De longe, já conseguia escutar o barulho das sirenes se aproximando.

Temendo perder sua grande oportunidade, respirou fundo, encarando o homem mais uma vez. Quem quer que tivesse disparado aquele tiro havia feito um bom trabalho; Fox quase já não possuía forças para falar. E foi com muito esforço e obstinação que, aos poucos, acenou positivamente, confirmando que, sim, as suspeitas estavam certas: ele havia roubado o bracelete.

Mas ao passo que havia respondido aquela pergunta, outras mil haviam se formado na cabeça da garota. Aquilo não era tudo. Seria muita ingenuidade achar que fosse.

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