Capítulo Trinta e Nove

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A loucura era de família

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A loucura era de família.

Mesmo que tentassem, não conseguiam se livrar daqueles caras. Maria continuava dirigindo como se estivesse com vontade de acabar com a própria vida, ignorando todos os semáforos e qualquer placa vermelha. A cada derrapagem que dava, a alma de Henrique saía e voltava de seu corpo; Diego tinha os olhos fechados, rezando por um milagre, enquanto Ayla parecia igualmente nervosa, recordando-se de coisas não tão agradáveis. Mesmo que já estivessem na estrada, o grupo de homens continuava atrás deles, dispostos a segui-los até o fim do mundo.

— Devíamos ligar pra polícia — Diego propôs, e Maria olhou para o garoto como se pudesse matá-lo ali mesmo, abrindo a porta do carro e o empurrando para fora.

— Tá maluco? Não podemos ligar pra polícia!

— É claro que eu tô maluco, tem um bando de caras armados seguindo a gente.

— Ok, péssimo momento pra brigas — Ayla gritou, interrompendo os dois. — Precisamos nos concentrar no agora; tipo, pra valer. Então, pelo amor de Deus, continua olhando pra frente — ordenou, e Maria fez exatamente o que ela pediu.

— Merda, o que eles estão fazendo? — Henrique não teve muito tempo para raciocinar, quando o carro preto em que os homens estavam chegou ao lado deles, acelerando fundo, indo cada vez mais rápido.

Maria verificou o espelho, tentando entender o que estava acontecendo. Quando finalmente conseguiram ultrapassá-la, diminuíram a velocidade, mantendo o veículo constante, alguns metros à frente do seu. Pelo GPS, procurou sua localização, mas não precisou de muito para perceber aonde aquilo iria dar; o túnel longo, escuro e estreito o qual se aproximavam já dizia o bastante.

— É uma armadilha — Ayla concluiu.

No instante em que se deu conta daquilo, Maria desacelerou, assistindo com os seus próprios olhos os faróis do outro carro se apagarem, bloqueando quase completamente a entrada que dava acesso ao túnel. Poucos segundos depois, eles desceram, batendo a porta, indo com tudo que tinham em direção aos quatro. Diego orou com ainda mais urgência, quase se ajoelhando. Ayla e Henrique olharam para ela sem saber muito bem o que dizer ou o que diabos lhe aconselhar, uma vez que, apesar de tudo, ainda era Maria a pessoa no controle do volante.

Então ela fez o impensável.

— Acho melhor vocês se segurarem. — Assim que fez o seu aviso, o ruído do motor tomou de conta do carro, intensificando-se cada vez mais à medida que pressionava o pedal ao máximo, consumindo toda a potência que ele tinha a lhe oferecer. Os homens paralisaram, os olhos arregalados ao constatar que Maria não pretendia parar e que estava mesmo decidida a passar por cima de todos eles.

Henrique protegeu sua visão, fazendo o mesmo com a de Ayla. Se aqueles fossem os seus últimos minutos de vida na Terra, pelo menos a subida até o céu não seria tão assustadora.

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