Não estava nos planos de Henrique repetir o último ano do ensino médio, mas, quando isso acontece, seu pai resolve lhe dar uma boa lição e o obriga a arrumar um emprego. Trabalhando no cinema da cidade, ele rapidamente conquista o desafeto gratuito...
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As intenções de Henrique eram boas, disso Ayla não tinha dúvidas, mas elas certamente não eram muito eficazes. Não que a garota estivesse esperando encontrar uma casa cheia de jovens entusiastas por suco de laranja ou maracujá, mas se deparar com a cena de vários deles bebendo cerveja havia se tornado um momento bastante esclarecedor; seu leve contato com o álcool estava garantido àquela noite.
— Achei que essa era a festa do suco de fruta — Babi disse ao seu lado, observando a pequena multidão concentrada na sala de estar. — O plano do Henrique foi por água abaixo.
Quando elas entraram por inteiro dentro do cômodo, Ayla instintivamente tapou os ouvidos, desfamiliarizada com a música alta que tocava. Muito alta. Claro, era uma festa, supostamente, deveria ser assim. Aquilo não era um problema. Era só que fequentá-las não parecia mais algo que ela costumava fazer.
— Ele foi um pouco ingênuo — admitiu para Babi, tentando abrir caminho entre os móveis e as pessoas que dançavam.
— Ele é ingênuo — acentuou a garçonete em meio a uma pequena risada. — E muito apaixonado por você pra achar que essa ideia daria certo.
— Ele só não quer que eu beba outra vez.
— E você quer?
Ayla apertou os olhos, ponderando aquela possibilidade por alguns segundos. Ela queria? Não era nenhuma alcoólica obviamente, mas sua relação com o álcool também não era lá a das melhores. E considerando o fato de que quando estava bêbada quase sempre tomava decisões precipitadas, seria melhor deixar aquela vontade um pouco de lado.
— Não, eu não quero — respondeu por fim.
Babi assentiu olhando para o outro lado do cômodo.
— O Santi não perde tempo.
Ayla focou seu olhar no canto da sala. O moreno estava em pé ao lado de uma garota. Os dois estavam rindo. Aparentemente, o cara misterioso com quem Santi havia saído não queria que ninguém ficasse sabendo de seu interesse por pessoas do mesmo sexo, por isso toda aquela dificuldade de Santi em contar para Ayla o que estava fazendo no cinema. Bom, agora ela sabia o que era. Em detalhes. O fato era que Santi não queria criar expectativas em cima de algo tão complicado e também ainda não tinha contado que gostava de garotos para mais ninguém, além delas duas.
— E o segundo encontro com o Isaac? Saiu do papel? — mudou de assunto, encontrando um espaço no sofá onde as duas pudessem se sentar.
— Não — gemeu em frustração. — Eu tive que cancelar por causa do meu pai, ele resolveu chamar a namorada dele pra jantar lá em casa.
— E ela é legal?
— Não acho que faça diferença, tenho certeza de que ele vai terminar com ela antes mesmo de completarem um mês de namoro.
