— Tenha um bom filme — Henrique disse, entregando o comprovante do ingresso para o senhor de cabelos loiros, que agradeceu e afastou-se indo em direção a sala de exibição.
Depois de dois dias trabalhando junto a Ayla na bilheteria, o garoto começou a acompanhar a função de usher do cinema e não demorou muito para entender como tudo funcionava.
Talvez seu grande talento fosse aprender as coisas rápido demais. Infelizmente isso não se aplicava a escola.
De fato, estava feliz por ter se adaptado a função tão facilmente, mas sentia-se um pouco deslocado por não ter os olhos atentos de Ayla sobre si. Apesar da garota parecer odiá-lo, ficava mais tranquilo ao saber que ela estava ao seu lado e que poderia corrigí-lo sempre que necessário.
Quando os funcionários resolveram tirar um intervalo de quinze minutos para descansar, Henrique aproveitou a oportunidade para ir atrás dela. Passou entre alguns colegas que pareciam ansiosos em chegar a área reservada aos empregados e soltou um suspiro aliviado quando finalmente a encontrou.
Ayla ainda estava na cabine da bilheteria, digitando algo no computador. Dar de cara com a garota ali não foi nenhuma surpresa para ele, pois mesmo quando ela tinha a oportunidade de parar um pouco e simplesmente relaxar, algo parecia puxá-la de volta e a obrigava a continuar o trabalho.
Ele respirou fundo, puxou seu celular do bolso e enquanto encarava seu reflexo na tela, tentou ajeitar seu cabelo enfiando os dedos entre os fios.
— Oi, Robozinha — Ela continuou olhando para o computador. — Ayla.
Estalou os dedos em frente ao seu rosto, a fazendo piscar e o encarar entediada.
— O que foi, Henrique? Não tá vendo que eu tô ocupada?
— É assim que recebe um colega de trabalho que não vê há quase um dia? — Questionou fazendo uma expressão dengosa no rosto e apoiou-se no balcão.
— Não é meu amigo pra eu sentir saudades de você.
— E mais uma vez Ayla Fernandes parte o meu coração — Diz Henrique fazendo uma careta de dor, enquanto aperta seu peito.
Ela revirou os olhos e saiu para fora da cabine.
— Não quer saber se eu me saí bem como usher? — Perguntou enquanto tentava acompanhá-la pelos estreitos corredores do local.
— Não.
— Vou te contar mesmo assim — Disse abrindo um pequeno sorriso. — Foi até legal recepcionar as pessoas, mas quando essa experiência com as funções acabar, vou dizer pra Medusa que quero ficar na bilheteria. Você sabe, pra ter a sua ótima companhia. Nunca vi alguém me tratar tão bem quanto você faz.
Ela o encarou confusa por alguns segundos, antes de abrir a porta da área dos funcionários.
— Quem é Medusa?
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Negócio Fechado | ✓
Teen FictionNão estava nos planos de Henrique repetir o último ano do ensino médio, mas, quando isso acontece, seu pai resolve lhe dar uma boa lição e o obriga a arrumar um emprego. Trabalhando no cinema da cidade, ele rapidamente conquista o desafeto gratuito...