Capítulo Vinte e Dois

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O estrondo de um trovão acordou Henrique naquela madrugada

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O estrondo de um trovão acordou Henrique naquela madrugada.

Graças ao seu sono leve, o garoto pulou de susto ao escutar o som da iminente tempestade caindo do lado de fora e, inconscientemente, levantou seu braço, tateando com urgência a cama onde estava deitado, na esperança de encontrar alguém ali, dormindo com ele. Entretanto, para seu descontentamento, o lugar estava vazio. Ou seja, sem nenhum vestígio de Ayla.

Admitia que ficara um pouco espantado ao receber o convite da garota de dormir com ela em seu quarto. Afinal, ao que tudo indicava, ela estava evitando ao máximo qualquer aproximação romântica entre os dois — bom, ao menos quando não estava bêbada.

Ayla, em contrapartida, justificara seu pedido com o argumento de que os dois já haviam dormido na mesma cama uma vez, o que tornava a repetição daquele ato algo completamente normal. Além disso, complementou sua defesa com a informação de que seu sofá era péssimo e que Henrique provavelmente ganharia uma bela dor nas costas se passasse a noite inteira deitado nele.

Claro que quando a funcionária do cinema disse isso, meio que ficou subentendido que ela estava convidando o garoto para dormir em sua casa. E, sendo sincero, não era como se o filho do prefeito não estivesse na expectativa de ouvir aquela proposta. Então, pode-se dizer que não foi um grande sacrifício para ele aceitar.

Soltou um longo bocejo e espreguiçou-se, forçando seu corpo sonolento a saltar para fora da cama e caminhar em direção a sala. Quando bateu a porta atrás de si, foi surpreendido por mais um trovão e precisou esfregar seus olhos para ter certeza de que realmente estava vendo a figura de Ayla, sentada, encolhida no sofá.

O lugar estaria completamente escuro se não fosse pela fraca luz branca do abajur ao lado da garota e os fortes clarões que de vez em quando iluminavam a casa e provocavam, quase que imediatamente, pequenos espasmos em seu corpo.

— São três da manhã e você tá acordada — observou, aproximando-se lentamente.

— São três da manhã e tá chovendo — retrucou, em um tom de voz baixo.

Henrique soltou o ar pelo nariz, acenando em entendimento e, ainda que estivesse um pouco receoso, relaxou seus braços e sentou-se ao lado de Ayla. Ela mantinha o queixo apoiado em sua mão direita, enquanto escutava, claramente amedrontada, o grande aguaceiro que tomava de conta das ruas de Vinberurbo.

— Você não precisa ficar aqui, sabe? — murmurou, ainda possuindo grandes olheiras debaixo dos olhos. -— Pode ir pra cama — apertou o lençol em seu colo quando o ruído de mais um trovão se fez presente no local. — Eu volto quando tudo isso acabar.

Henrique tomou uma respiração profunda e remexeu-se em seu assento, em busca de uma boa posição próxima de Ayla. Próxima o suficiente para que pudesse tocá-la e, quem sabe, passar-lhe um pouco de segurança.

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