Capítulo Três

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Quando Vitório Montenegro, sua esposa Caetana e seu primo Augusto chegaram ao lugar que hoje é conhecido como Vinberurbo, encontraram somente um pequeno pedaço de terra cercado por minúsculas casas e habitado por humildes moradores

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Quando Vitório Montenegro, sua esposa Caetana e seu primo Augusto chegaram ao lugar que hoje é conhecido como Vinberurbo, encontraram somente um pequeno pedaço de terra cercado por minúsculas casas e habitado por humildes moradores. Ninguém acreditava que aquele vilarejo pudesse se tornar algo a mais além disso.

Porém, indo contra todas as previsões negativas, Vitório não apenas o transformou em uma cidade próspera, que já passava a marca de 30 mil habitantes, como também no maior produtor de vinhos da região.

A Vinícola Montenegro era o negócio mais bem-sucedido da cidade e muito provavelmente do estado. Não havia uma pessoa sequer disposta a dizer que existia vinho melhor do que aquele. Henrique conhecia muito bem o legado que seu avô havia deixado em Vinberurbo, já que seu pai fazia questão de lembrá-lo todo santo dia. Assim como vivia dizendo que um dia tudo aquilo seria seu e de seus primos.

Mas o simples fato de escutar aquilo já lhe causava calafrios e o fazia querer sumir no mundo. Não queria ser herdeiro de nada, muito menos continuar legado algum. Admirava toda a história de seu avô, disso não tinha dúvidas, mas não era como se quisesse continuá-la.

Não conseguia imaginar-se trancado em um escritório, assinando contratos e convocando reuniões. Reverenciava a pessoa que conseguia tal proeza, mas tinha certeza que isso não era para ele.

A única coisa que precisava fazer era convencer seu pai disso.

Quando recebeu os resultados das provas finais, não tinha muita esperança de encontrar notas acima da média em seu boletim, uma vez que sabia que havia passado o ano inteiro saindo e curtindo com seus amigos. Logo, no momento em que descobriu que o filho havia repetido de ano, o prefeito foi curto e grosso ao comunicá-lo de que ia retirar todas as suas regalias e de que o garoto precisaria arrumar um emprego o quanto antes, pois não bancaria mais seus caprichos.

Henrique tentava ao máximo se adaptar ao trabalho no cinema. Depois de seu primeiro dia vendendo ingressos incansavelmente, o que mais queria era chegar em casa, tomar um bom banho e capotar na cama. Não imaginava que trabalhar pudesse ser tão exaustivo.

Quando bateu a porta, não demorou a enxergar a figura encolhida de sua mãe sentada no sofá, soluçando baixinho ao ponto de quase engasgar-se com o próprio choro.

Não pensou duas vezes e correu em sua direção.

— Mãe, o que aconteceu? — Perguntou sentando-se ao seu lado e começou a acariciar seu rosto. Estava tão acostumado com aquela cena.

A mulher de cabelos curtos levantou o olhar permitindo que Henrique visualizasse melhor seus olhos inchados e cheios de lágrimas.

Aquilo sempre o desanimava e o fazia ficar triste, odiava não ter controle sobre o que sua mãe sentia. Se existisse uma máquina que fizesse as pessoas que ele amava nunca mais sofrerem, faria de tudo para consegui-la.

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