— Tem certeza que está tudo bem por aí?
Ayla brincava com a pequena almofada que havia em cima de suas pernas, enquanto escutava com atenção a voz preocupada de seu pai do outro lado da linha.
— Tá tudo bem, pai, não se preocupa — garantiu, buscando ao máximo parecer convincente e não deixar transparecer para o homem que, na verdade, não estava exatamente "tudo bem". Ela remexeu-se no sofá onde estava sentada e mirou de soslaio Santi mover-se pela sua cozinha com maestria.
— Eu fico preocupado, filha. Você ainda é a minha garotinha e saber que está aí, sozinha nessa cidade, me deixa, no mínimo, aterrorizado — ele respirou fundo. — Às vezes, eu penso que seria melhor se você voltasse a morar aqui.
— O senhor sabe muito bem que não existe a menor possibilidade de eu voltar a morar aí. Além disso, seria só mais uma boca pra vocês alimentarem, e despesas são a última coisa que o senhor e a minha mãe estão precisando nesse momento.
Santi caminhou lentamente em sua direção e depositou, com cuidado, dois pratos de vidro sobre a pequena mesa que havia no centro da sala de estar. Ela inalou com prazer o aroma da comida recém-preparada pelo garoto e apressou-se em encerrar a ligação com seu pai.
— Eu preciso desligar agora — informou rapidamente. — Mas fica tranquilo, ok? Tá tudo bem por aqui. Amo você.
— Também te amo, filha. Juízo.
Ayla desligou o telefone com um pequeno sorriso no rosto. Seus pais preocupavam-se bastante com ela. Isso era um fato indiscutível.
Até poderia dizer que toda essa preocupação exagerada era simplesmente uma consequência do grande amor que sua família nutria por ela, mas, no fundo, sabia que Fábio e Juliana não confiavam cem por cento em sua palavra.
E, bem, não era como se eles não tivessem bons motivos para toda aquela desconfiança.
— Era o seu pai? — questionou Santi, entregando um garfo e uma faca para a garota, que rapidamente acenou em confirmação. — Tá tudo bem por lá?
— Sim — respondeu, enrolando parte da massa com o garfo que havia em sua mão e levando-a com pressa em direção a boca. O auxiliar de cozinha a encarou em expectativa. Ayla mastigou com gosto a comida que Santi havia preparado e em poucos segundos, soltou um gemido de satisfação. — Perfeita, como sempre.
Ele sorriu aliviado com o veredito da garota e ajustou-se no sofá, também começando a comer o conteúdo de seu prato. Quando Santi mandou uma mensagem para Ayla perguntando sobre a possibilidade de aparecer em sua casa, ela não hesitou em aceitar o convite do garoto e em pouco menos de uma hora, ele apareceu em sua porta, segurando uma sacola cheia de ingredientes.
Nos últimos dias, Ayla meio que estava se sentindo solitária e até um pouco melancólica. Enquanto Babi alternava seu tempo entre a escola e o trabalho, tornando quase impossível um encontro entre as duas, ela e Henrique não haviam mais trocado nenhuma palavra desde a conversa calorosa que os dois haviam tido no cinema.
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Negócio Fechado | ✓
Novela JuvenilNão estava nos planos de Henrique repetir o último ano do ensino médio, mas, quando isso acontece, seu pai resolve lhe dar uma boa lição e o obriga a arrumar um emprego. Trabalhando no cinema da cidade, ele rapidamente conquista o desafeto gratuito...