Capítulo Vinte e Cinco

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Dois dias

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Dois dias.

Há dois dias, Henrique não recebia nenhuma notícia sobre Ayla. E não, não estava sendo dramático ao dizer aquilo. Estaria se estivesse vendo a garota todos os dias em seu trabalho ou encontrando-se com ela para falarem a respeito do roubo do bracelete — assim como haviam combinado, antes de tudo acontecer —, mas era exatamente aí que estava o problema: Ayla não havia aparecido no cinema.

Nem na escola.

Sabia daquela última informação por causa de Isaac e a notícia de sua ausência no colégio só o havia deixado ainda mais apreensivo sobre o verdadeiro estado em que ela se encontrava.

Seu primo dissera que a falta havia sido justificada; Ayla estava doente. No entanto, não era como se Henrique pudesse ter total certeza da veracidade daquele fato. Todas as suas mensagens haviam sido ignoradas. Buscando ser cauteloso, mandou um “oi”, perguntando a ela se queria conversar e se estava tudo bem — tinha consciência que era uma pergunta idiota de se fazer. É claro que Ayla não estava bem, mas precisava iniciar a conversa de alguma forma e, em sua mente, aqueles questionamentos causavam-lhe a exata impressão que ele queria passar.

A de que se importava com ela.

Mas, no final de tudo, seu plano ridiculamente simples e fadado ao fracasso havia, pasme, falhado.

Não recebeu nenhuma resposta.

Não. Não ser respondido significava ter sido visualizado e aquilo, definitivamente, não aconteceu. Ayla nem ao menos visualizara suas mensagens. Também não havia atendido a única ligação feita pelo garoto na esperança boba de escutar a sua voz.

É, estava tudo uma mer.da.

Henrique até tentou se concentrar na voz de sua professora de filosofia, que falava sem parar sobre algo relacionado a Freud e uma tal de psicanálise, mas seus pensamentos insistiam em lhe pregar peças e quando ele menos esperava, a imagem de Ayla já havia realizado a proeza de invadi-los.

Não queria, de jeito nenhum, parecer um maluco perseguidor ou um não-namorado/amigo grudento demais. Tinha entendido que ela não gostava de ser pressionada e que precisava de tempo e de espaço, por isso foi forte em conter a vontade de aparecer na porta de sua casa em busca de respostas.

— Henrique, o ego é a menor parte de nossa psique? Sim ou não?

O quê?

Ele olhou para cima, dando de cara com o olhar incisivo de sua professora sobre si. Os outros alunos também o fitavam em expectativa, como se esperassem algo. Como se esperassem… uma resposta! A mulher a sua frente havia feito-lhe uma pergunta e queria saber a resposta. Mas nenhuma palavra daquela maldita explicação havia feito sentido em sua cabeça. Naquele momento, Ayla parecia muito mais importante que Freud e suas contribuições para a humanidade.

— É… Sim? — respondeu, um pouco incerto.

A professora sorriu.

— Se sim, justifique sua resposta.

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