Capítulo 10

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Confusão. Essa era a única palavra que poderia descrever minha mente naquele momento.

Era por volta das 02h30 da madrugada. Em uma crise desesperada de insônia, levantei-me do meu dormitório e caminhei lentamente até a Torre de Astronomia. Era um lugar incomum para se visitar durante a noite, portanto parecia ser o único local onde eu encontraria paz.

Vestida apenas com um robe de cetim e pantufas rosas, cheguei à sala, que parecia estar vazia. Usei minha varinha para iluminar o local, até que tive uma grande surpresa.

— O que você está fazendo aqui? — gritei, ao perceber a figura de um garoto de cabelos loiros, quase brancos. Ele estava vestindo uma blusa preta e uma calça preta.

— O quê? — Ele se assustou ao perceber minha presença. — Eu que deveria estar perguntando isso.

— Eu estava com insônia e resolvi vir aqui, — falei, entrando no local.

Sentei-me um pouco distante do garoto, mas ainda era possível analisar seu rosto. Ele estava cansado, assim como eu.

— O mesmo, — ele disse.

Um silêncio se instalou no local. Decidimos não falar nada, apenas nos perder em nossos pensamentos. Eu estava confusa; afinal, não sabia que Draco também frequentava aquele local.

— Sabe, — ele começou a falar, — não entendo o motivo de todos me acharem um monstro.

Soltei um leve sorriso.

— É sério isso? — perguntei.

— Por que não seria? — Ele parecia confuso.

— Draco, você já viu a forma como trata as pessoas? Já perguntou como elas se sentem sobre isso? — falei. Parecia tão óbvio; como ele não enxergava?

— Seria benevolente dizer que eu não reparo nisso? — ele disse, voltando seu olhar para mim.

— Não seria, — respondi. — Se você soubesse o quanto as suas palavras já me machucaram, jamais teria coragem de olhar na minha cara.

— É tão fácil me culpar, — ele riu de nervosismo. — Merda, Weasley, eu nunca falei que seu pai te odiava.

— Nunca te humilhei por não ter dinheiro, Draco, — eu dizia. — Se você ao menos soubesse o quão ruim era para uma criança de onze anos ouvir que era inferior por não ter dinheiro.

— Eu era apenas uma criança, — o loiro disse.

— Você nunca parou de ser ridículo, Malfoy, — aleguei. — Até ontem estava zombando da minha cara. Não cansa de ser tão bipolar?

Ele permaneceu calado. Depois de anos convivendo com Malfoy, eu sabia muito bem que sua forma de demonstrar indignação era o silêncio. Isso me irritava, muitíssimo.

— Apenas assuma seu erro, quem sabe um dia eu vá te perdoar, — falei firmemente.

— Eu não preciso do seu perdão, Weasley, — ele se levantou. — Uma vez que eu precisasse, jamais imploraria.

Somente a luz lunar iluminava o local, que estava frio. Draco se levantou e então me encarou por alguns minutos. Ele parecia querer dizer ou fazer algo, mas logo conteve seus desejos e se retirou da sala, me deixando sozinha.

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Era manhã. Após retornar ao meu quarto, acabei tendo incríveis duas horas de sono, resultando em um cansaço extremo e péssimo desempenho acadêmico.

Na aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, eu fazia dupla com minha nova amiga Pansy, que parecia estar bem mais interessada do que eu na aula.

— Emma? — Ela me cutucou, tirando-me do meu transe.

— Oi? — respondi, sonolenta.

— O professor, — ela apontou para o homem que estava a poucos metros de distância.

— Vamos, Srta. Weasley, quais são os três feitiços proibidos? — o homem perguntou.

— Avada Kedavra, Imperius e Crucio, — respondi, ainda sonolenta.

— Perfeito, — ele sorriu. — Mais cem pontos para Sonserina!

Olhei para trás e vi Rony e Harry com expressões boquiabertas. Soltei um sorriso e joguei um beijo no ar, de forma extremamente irônica.

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A aula havia acabado. Estávamos caminhando pelos corredores até a aula de poções quando senti alguém puxar minha mão. Era Harry.

— Você sumiu, — ele disse, com um sorriso no rosto.

— Precisava estudar para o teste de poções, — soltei um sorriso, abraçando o garoto à minha frente.

— Por que não pediu minha ajuda? — ele perguntou, ainda com uma feição feliz.

— Snape pediu para que outra pessoa me ajudasse, mas nada demais, — tentei fugir do assunto.

— Quem? — Ele colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

— Malfoy, — falei, com medo da reação dele.

Neste momento, pude ver o sorriso no rosto de Harry sumir.

— Bem, ele é bom? — ele perguntou.

— Talvez, — menti. Draco poderia ser ruim em muitas coisas, mas em poções, ele dominava como ninguém.

— Entendi, — Harry disse, logo envolvendo seu braço em meu pescoço, continuando a caminhada anterior.

Durante meu diálogo com Harry, pude perceber um leve ciúmes da parte dele. Talvez isso fosse divertido para ele, ou ele apenas sentisse algo por mim. Eu não sabia.

Laços Mágicos - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora