Capítulo 76

61 7 3
                                    

Eu me vi naquela sala escura, cercada apenas pela sombra sinistra do corpo de Snape. Minhas lágrimas caíam sem controle enquanto eu tentava processar tudo o que havia acontecido. A perda de Fred e Severus, a sensação avassaladora de estar completamente sozinha.

Foi então que Você-Sabe-Quem entrou na sala, sua presença envolvendo tudo em um silêncio opressivo. Ele se aproximou de mim sem dizer uma palavra, apenas com um olhar gélido fixo em mim. Antes que eu pudesse reagir, ele me segurou pelo braço e me conduziu para fora, em direção à escuridão da Floresta Proibida.

O caminho até lá foi um tormento silencioso. Cada passo era como um peso extra sobre meus ombros já cansados. A presença de Voldemort ao meu lado era sufocante.

Chegamos à floresta, onde Voldemort parou e olhou ao redor com um sorriso sádico nos lábios. Ele esperava por Harry. Eu sabia o que viria a seguir.

Quando Potter finalmente chegou, eu senti meu coração bater com força no peito. Gritei desesperadamente, implorando para que ele não fizesse aquilo. — Harry, por favor! Não precisa ser assim! — Minhas palavras foram como um eco vazio na escuridão da floresta.

O garoto olhou para mim com olhos cheios de tristeza, mas também determinação. — Eu sinto muito, mas isso só vai acabar se eu colocar um fim nisso. — Sua voz era firme, mas havia um tremor perceptível.

Voldemort aproveitou o momento para iniciar sua explicação sobre seu maldito plano, cada palavra carregada de malícia e triunfo antecipado. Ele revelou suas estratégias, seus aliados. Era como se estivesse traçando o destino de todos nós ali, com um controle cruel e meticuloso sobre o que viria a seguir.

E então, sem hesitar, ele lançou a maldição Avada Kedavra em direção a Harry. O grito preso na minha garganta escapou com toda a força que eu tinha. Vi Harry cair, seu corpo inerte no chão da floresta. — Não! —Minha voz ecoou desesperadamente enquanto eu corria em direção a ele.

Antes que eu pudesse alcançá-lo, Narcissa Malfoy apareceu ao meu lado. Ela me abraçou com firmeza, surpreendendo-me com seu gesto de consolo. — Emma, sinto muito.

Minha mente girava com confusão. Como ela poderia saber sobre nós? Sobre meu relacionamento com Draco? Mas eu percebi rapidamente que não era isso que importava naquele momento. Narcissa estava simplesmente mostrando compaixão, compartilhando nossa dor comum.

Seu abraço foi reconfortante e eu me permiti desabar, soluçando contra seu ombro. Mas a realidade voltou com força quando Voldemort interrompeu o momento, sua voz impiedosa cortando o ar. — Narcissa, verifique se Potter ainda está vivo.

Narcissa partiu e voltou com a confirmação de que Harry não sobrevivera. Meu coração se partiu completamente. Voldemort se aproximou de mim, segurando meu rosto enquanto eu caía de joelhos, lágrimas cegando minha visão.

— Suja. — Ele disse, seus dedos frios contra minha pele. Sua voz era uma mistura de triunfo e desprezo. Ele começou a comemorar, cercado pelos outros comensais que riam e se regozijavam com sua vitória.

Nagini se aproximou. A serpente gigante se enrolou em volta de mim, apertando meu corpo com força, quase me sufocando. A dor era intensa, mas eu estava além do ponto de sentir qualquer coisa além do vazio e da angústia.

Voldemort ordenou que Nagini me levasse de volta ao castelo. A serpente deslizou ao meu redor, arrastando-me pelo chão frio da floresta. Cada movimento dela era um lembrete doloroso do controle que Voldemort tinha sobre mim, sobre todos nós.

Enquanto caminhávamos, ou melhor, éramos arrastados de volta ao castelo, minha mente estava em tumulto. Pensei em milagres de coisas: em como tudo poderia ter sido diferente, em como eu poderia ter feito algo para impedir isso. Mas também pensei no fim. Não apenas o fim de Harry e de tantos outros, mas o meu próprio fim. Será que Voldemort me deixaria viver?

O caminho de volta ao castelo foi um tormento silencioso. Nagini não falava, mas seus olhos frios me observavam constantemente. O castelo surgiu diante de nós como uma fortaleza negra, imponente e sinistra.

Ao chegarmos na entrada de Hogwarts, um silêncio pesado pairava no ar. Todos estavam reunidos ali, os
meus amigos, meus pais e irmãos, e ele. Draco que parecia uma estátua de gelo ao me ver sendo trazida por Nagini.

Minha mãe correu em minha direção, as lágrimas escorrendo por seu rosto pálido. Mas antes que ela pudesse chegar até mim, foi impedida por meu pai. Ele sabia o perigo que ela enfrentaria se cruzasse aquela barreira.

Eu não tinha palavras. Meu olhar encontrou o de Draco por um breve momento, mas seu rosto estava fechado, impassível. Ele não disse nada, apenas assistiu à cena com uma expressão que eu não conseguia decifrar.

Voldemort entrou no salão com passos lentos e calculados, sua capa negra arrastando-se pelo chão. Ele olhou para mim com um sorriso cruel nos lábios. — Agora todos sabem quem reina supremo. — Ele disse, sua voz ecoando pelo salão. — O menino que sobreviveu não está mais entre nós. Harry Potter está morto!

Os comensais ao redor dele aplaudiram e gritaram em triunfo. Eu senti um nó se formando na minha garganta enquanto olhava ao redor, vendo rostos conhecidos distorcidos pela vitória de Voldemort.

Minha mãe se segurou com mais força, seus olhos fixos nos de Voldemort com desafio. — Você é um monstro. — Ela sussurrou, sua voz tremendo de raiva e dor.

Voldemort riu, um som que fez meu sangue gelar. Ele se aproximou de mim e de minha mãe, seu olhar perfurante fixo em nós. — Apenas o começo. — Ele disse baixinho. — Apenas o começo.

E assim, o dia que começou com esperança e desespero termino. A sombra de Voldemort pairava sobre todos nós, envolvendo-nos em seu controle implacável. Eu não sabia o que o futuro reservava, mas sabia que tudo havia mudado irrevogavelmente naquele dia.

Laços Mágicos - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora