Capítulo 17

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O som de passos ecoou do lado de fora. A princípio, ignorei, pensando que era apenas outro aluno passando, mas os passos pararam bem diante da porta. Meu coração acelerou. A porta se abriu devagar, e a luz do corredor iluminou a figura que eu menos esperava ver: Draco Malfoy.

- Emma? - A voz dele era suave, quase cuidadosa.

Olhei para ele, surpresa e vulnerável. Draco hesitou por um momento, mas então entrou na sala e fechou a porta atrás de si. Ele se aproximou lentamente, sentando-se ao meu lado no chão.

- O que você quer, Malfoy? - Perguntei, tentando soar firme, mas minha voz saiu tremida.

- Eu vi você correndo. - Ele respondeu, desviando o olhar para o chão. - Pansy mandou verificar se você estava bem.

- Isso importa? - Retruquei, enxugando as lágrimas com as costas da mão.

Draco ficou em silêncio por um momento, como se estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras.

- Importa. - Ele finalmente disse, olhando diretamente nos meus olhos. - Acredite ou não, alguém nesse mundo se importa com você.

- Se você soubesse o quanto isso me deixa irritada. - Eu disse, minha voz quase saiu em um sussurro. - Uma hora você me trata igual lixo, na outra pergunta se eu estou bem.

Draco suspirou, passando a mão pelos cabelos loiros. Ele parecia estar lutando internamente.

- O que eu posso fazer? - Ele diz. - Quando não está com a Granger, está agarrada com o Potter.

- Não é porque não gosta dos meus amigos, que deve me tratar mal.- Falei, minha voz ainda trêmula. -

Draco respirou fundo, parecendo hesitar antes de responder.

- Harry gosta de você. - Ele disse, com um leve tom de amargura na voz. - E ele não aceitaria a minha presença em momento algum.

Fiquei surpresa com a revelação.

- Isso te da motivos para ser tão rude? - Admiti, sentindo-me perdida.

- Não precisa me lembrar que fui um idiota.- Disse Draco, com um tom de urgência. - Isso já é o suficiente.

Olhei para ele, meu coração dividido entre a raiva e tristeza. Draco se levantou, ficando alto o suficiente para que eu tivesse que olhar para cima para assim ver seu rosto.

- Eu te odeio, Draco Malfoy. - Me levantei, estava fraca, mas firme. - E odeio a forma que você tenta me manipular com as suas desculpas idiotas.

Ele sorriu, o que me deixou ainda mais confusa.

- Eu poderia dizer o mesmo. - Disse ele, com uma sinceridade que eu nunca tinha visto antes. - Mas não posso.

- O que quer dizer com isso? - Falei, sentindo meus batimentos cardíacos aumentarem a frequência.

- Pra alguém que tira tanta nota boa, você não é tão inteligente assim. - Ele brinca, me fazendo arfar.

- Eu tô cansada dessas suas brincadeiras idiotas, Malfoy. - Começo a falar, tão nervosa como eu nunca estive. - Você é um idiota. Se acha melhor que as outras pess...

Antes que eu pudesse continuar, Draco se inclinou levemente em minha direção. Seus olhos estavam fixos nos meus, buscando permissão. Meu coração batia acelerado, e sem pensar, fechei os olhos.

Senti o toque suave dos lábios dele nos meus, um beijo delicado e inocente, cheio de incertezas e esperança. Foi um momento breve, mas carregado de emoções. Nossos lábios se separaram lentamente, e quando abri os olhos, vi Draco olhando para mim com uma mistura de ternura e nervosismo.

- O que você fez?- Falei, ainda em choque.

- Me desculpa. - Ele diz, carregando uma feição nervosa em seu rosto. - Vou entender se não ter gostado.

No fundo eu sabia que ele estava se gabando por isso.

- Não... eu... - Tentei falar, mas acabei não conseguindo.

- Você? - Ele diz, em um tom sugestivo.

Antes que eu pudesse racionalizar o que estava sentido, me movi impulsivamente. Agarrei a gola de sua camisa e o puxei para mais perto. Havia um fogo ardendo em mim, uma mistura de ódio e paixão, mas que eu não conseguia controlar. Nossos lábios se encontraram em um beijo desesperado e intenso.

Draco ficou surpreso por um momento, mas logo respondeu com a mesma intensidade. Nossos lábios se moviam freneticamente, e minha mente estava um caos. Cada toque, cada movimento parecia alimentar essa tempestade em mim.

Minha raiva pelo o que ele havia feito no passado se mesclava com a atração que sentia agora. Era um conflito constante entre querer afastá-lo e querer estar mais perto dele.

Minhas mãos se entrelaçaram em seu cabelo, puxando-o para mais perto, como se aquele beijo fosse resolver toda a confusão dentro de mim. Sentia as mãos dele em minha cintura, segurando-me firme, como se ele também dependesse daquilo.

Finalmente nos separamos, ofegantes. Olhei para ele, minha respiração irregular, e vi a mesma confusão estampada em seus olhos. Estávamos preso ao um turbilhão de emoções, e não voltaríamos atrás.

- Eu te odeio tanto, Draco Malfoy. - Murmurei, minha voz embargada de emoções.

- Eu sei. - Ele diz, em um tom superior.

Saí da sala de vassouras com o coração disparado, tentando manter a calma enquanto o eco dos meus passos apressados preenchia o corredor vazio. Sentia Draco logo atrás de mim, e isso só aumentava a urgência de me afastar. Quando achei que estávamos longe o suficiente, parei de repente e me virei para encará-lo.

- Olha, Malfoy - comecei, tentando controlar a respiração e mantendo a voz baixa -Ninguém pode saber do que aconteceu ali dentro, entendeu? Ninguém.

Ele ergueu uma sobrancelha, aquele ar insuportável de superioridade voltando ao seu rosto. - Você se agarra em mim e depois diz que não quer que ninguém saiba? - Diz Draco. - Tudo bem, seu segredinho sujo está guardado comigo, Weasley.

Cruzei os braços, tentando parecer mais confiante do que me sentia. - Ótimo. Então estamos de acordo. E mais uma coisa - dei um passo à frente, falando entre dentes - Não quero ver você nem pintado de ouro, entendeu? Fique longe de mim.

Antes que ele pudesse responder, me virei e saí, sem olhar para trás. Cada passo que dava me afastava dele e do turbilhão de emoções que aquele beijo tinha provocado. Precisava de distância, precisava de ar, e, acima de tudo, precisava esquecer que aquilo havia acontecido.

Laços Mágicos - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora