Soraya pov_
O tempo na fazenda parecia seguir seu próprio ritmo, em alta velocidade, enquanto eu me via cada vez mais envolvida em uma teia de sentimentos confusos. As semanas se arrastavam até a próxima vaquejada, e Simone se dedicava freneticamente aos treinos, deixando pouco espaço para nossa intimidade.
A presença da nova treinadora, com seu jeito confiante e olhares que eu jurava terem um significado além do profissional, começava a me incomodar profundamente. Eu tentava ignorar, mas era impossível não notar como ela se movia ao redor de Simone, sempre tão próxima, tão presente. E aqueles olhos... Eu não conseguia deixar de notar como eles às vezes se fixavam em mim com um misto de desafio e superioridade.
Tentei falar com Simone sobre isso, expressar meu desconforto, mas ela simplesmente não levou a sério. "Você está exagerando, Soraya. A Carolina é uma profissional excelente, só está aqui para me ajudar," foi tudo o que consegui ouvir dela, como se minhas preocupações fossem apenas uma distração temporária de seus objetivos.
No entanto, eu sabia que não era apenas paranoia da minha parte. Era uma sensação visceral, um instinto que gritava dentro de mim, alertando-me para algo que não estava certo. Aquela mulher estava se infiltrando em nossa vida de uma maneira que eu não conseguia ignorar, e eu me sentia impotente diante disso.
À medida que a barriga crescia e o peso da gravidez se fazia cada vez mais presente, eu me pegava questionando não apenas a presença de Carolina, mas também minha própria segurança emocional ao lado de Simone. Onde antes havia certeza e amor, agora havia dúvida e uma crescente sensação de vulnerabilidade, isso não afetava somente a mim, mas também ao nosso bebê.
A tensão entre mim e Simone atingiu seu ápice naquela tarde ensolarada na fazenda. Eu estava cansada de me sentir negligenciada e ignorada, enquanto ela se dedicava inteiramente aos treinos com Carolina. Não aguentei mais e decidi confrontá-la, interrompendo seu treino abruptamente.
- Simone, podemos conversar? - chamei, com a voz trêmula de emoção contida.
Ela parou, visivelmente irritada pela interrupção.
- Soraya, não pode ver que estou ocupada agora? Estamos no meio de um treino importante.
- Importante para você ou para nós ? - retruquei, sentindo as lágrimas começarem a escorrer.
- Eu sinto sua falta, Simone. Sinto falta de nós!- Você está sendo egoísta, Soraya! Simone disparou, os olhos faiscando de raiva. - Carolina está aqui para me ajudar a ganhar a vaquejada, algo que você claramente não entende.
Aquelas palavras cortaram como facas. Não contive a raiva que se fazia presente, e soltei o que tinha em mente.
- Você só quer ficar com essa vadia, Simone! Aproveita e come ela! - Gritei.
Antes que Simone respondesse, Carolina acertou um tapa forte em meu rosto, causando uma forte ardência pelo impacto em minha pele. A partir daquele momento, eu saí correndo, com uma mão na barriga e outra sobre minha bochecha ardida. Só escutei os gritos de Simone chamando por meu nome, mas era humilhação de mais pra mim... Quando olhei para trás, vi que a treinadora estava jogada no chão, enquanto um dos empregados de Simone a segurava para ela não chegar perto de Carolina.
Cheguei na em casa aos prantos, logo dona Fairte veio correndo em minha direção e me abraçou.
- O que aconteceu, Soraya? Por que está chorando e tremendo desse jeito? - Perguntou dona Fairte.
Eu não conseguia responder, os soluços criaram barreiras em minha garganta. Dona Fairte me acolheu em seus braços, até sentir minha respiração voltar ao normal.
-O que houve com seu rosto, Soraya? - Perguntou dona Fairte, enquanto fazia um leve carinho em minha bochecha. - A Simone encostou a mão em você? Porque se foi ela, eu vou mostrar como se bate em mulher!
- N...não dona Fairte. Foi a Carolina!
-.Mas o que!? Quem ela pensa que é pra encostar a mão em você? Vem aqui minha filha, senta e respira um pouco, vou trazer uma água pra você.
Quando consegui, contei tudo para dona Fairte, que me acolheu e me escutou.
Enquanto isso, Simone, finalmente chegou, se ajoelhou diante de mim e implorou meu perdão.
- Sô, me perdoa! - ela implorou, segurando minhas mãos.
- Eu deveria ter te escutado, dedicado mais tempo a você e ao nosso filho... Aquela desgraçada não devia ter encostado um dedo em você! Ainda mais com você carregando nosso filho! Acho que ela vai precisar usar dentadura, pois quebrei os dentes dela. Só não arrebentei ela, por que o Pacheco me segurou.- Fica tranquila, meu amor. Aqui ela não pisa mais! - Disse Simone.
- Promete nunca mais abandonar sua esposa e seu filho? - Perguntei com os olhos marejados.
- Eu prometo, oncinha! Vocês são tudo pra mim! Agora, enquanto a Carolina, fica tranquila! Sou sua, Soraya! Não te trocaria por nenhuma! Não precisava desses ciúmes.
- Respondeu Simone, selando nossos lábios logo após.
Eu queria resistir, queria manter minha guarda alta, mas ao vê-la daquela maneira, toda minha resistência desabou. Aceitei suas desculpas.∾❃∾
Mais tarde naquele dia, fomos juntas ao consultório médico para descobrir o sexo do bebê, eu estava explodindo em ansiedade... Será que é uma menininha ou um menininho? Independente de qual gênero seja, irei amá-lo. O que Simone não sabia era que eu havia convidado minhas amigas Leila e Janja para nos acompanharem, como uma forma de reforçar nosso círculo de apoio, já que serão as madrinhas do bebê.
- Por que você não me avisou que aquelas duas viriam? - Perguntou Simone desconfortável.
- Se eu perguntasse você deixaria elas virem?
- Óbvio que não né, Sô! Elas não gostam de mim, e você sabe disso! - Retrucou Simone.
- Olha, Sisa. Não vem encher minha paciência! Já levei um tapa na cara daquela sua treinadora hoje, as meninas vão vir e ponto! Elas serão as madrinhas do nosso filho, e estarão presentes na revelação do sexo!
- Tá bem, Sô... não precisa ficar brava... esquece o que aconteceu hoje... - Disse Simone depositando um beijinho em meus lábios.
Logo as meninas chegaram, perguntaram me sobre o vermelho no rosto, mas eu menti dizendo que bati na soleira da porta. Claro que elas não acreditaram...
Eu já estava deitada na maca, Simone de um lado segurando fortemente minha mão, e do outro as meninas roendo as unhas de curiosidade.
- Boa tarde, meninas! - cumprimentou assim que adentrou o consultório.
- Boa tarde, doutora! - Respondi.
- Estou vendo que tem muitas pessoas ansiosas para saber o sexo do pequenino! - Disse a Doutora brincando.
- Você não faz ideia, doutora! - Respondeu Simone.
- Você deve ser a Simone, certo? - perguntou a doutora enquanto lia uma lista.
- Sou eu sim, prazer! - Respondeu Simone.
- Vai logo, doutora! Daqui a pouco eu não tenho nem mais unhas para roer! - Disse Janja, levando um tapinha nas costas logo em seguida de Leila.
- É brincadeira dela, doutora! - Disse Leila.
- Então vamos começar! Pode subir a blusa da gestante por gentileza, mamãe? - A doutora disse à Simone, que ficou com as bochechas coradinhas.
Logo a doutora veio, passou um gelzinho na minha barriga, e ligou a telinha do consultório.
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Mais um capítulo, gente!
Vcs acham que uma menina ou
Um menino? Deixem seus palpites 😘
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Fazenda Monte Azul (Simone & Soraya)
Fiksi PenggemarSimone Tebet é uma bela fazendeira que reside com sua mãe em uma extensa propriedade. Ao longo da narrativa, desvendaremos a história dessa jovem senhora, marcada por um passado misterioso. Pouco se conhece sobre essa fase anterior de sua vida, mas...