- Capítulo 31

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Simone pov_

Me recordo brevemente do ocorrido. Eu estava armada, mas para minha surpresa, os homens também... assim que mirei meu revólver em direção aos homens, fui surpreendida pelo passe ágil de um dos rapazes...
Um tiro se foi ouvido... o mesmo viera ser certeito. A dor preencheu meu corpo, que se fez fraco e sobre o chão caiu. Ouvi meu nome soar pelo vasto território, mas a ausência de forças não me permitia responder... eu queria gritar, mas um nó se mostrava presente em minha garganta, que se fechou fazendo dos meus lábios um silêncio ensurdecedor.
Forças para abrir os olhos,eu não tinha... mas pude sentir o toque e o cheiro de quem eu mais queria. Meu peito se encontrava em uma dor angustiante, ouvir os gritos de desespero da mulher que amo diante de mim, e não ter forças para responder, deixa-me em completa frustração.

A dor já não estava insuportável... já se encontrava em um estado deplorável, onde a dor era tão intensa, que eu chegava a crer que era inexistente. Em meio ao desespero na voz de Soraya, tirei forças de onde já não havia, para olhar aquela que me socorria...
Em uma tentativa de acalmá-la e de me tirar o peso da possível morte, eu disse a ela que a amava... eu não queria que fosse a última vez que eu dedicaria essa frase a ela.... mas e se fosse?
Prometi a ela, que nunca a abandonaria... mas o destino não pertence a mim, de fato eu estaria sempre com ela, mesmo que não fosse em forma carnal, mas em espírito...

Ouvi seu último grito, foi quando dos ruídos, se fizeram o silêncio... eu já não a ouvia, e nem sentia seu toque, mas sabia da sua presença.
Acordei diante de uma forte luz, olhei para minha barriga, e não avistei nenhuma ferida. Minhas vestes que até então eram negras, se encontravam em um vestido longo branco...

Olhei para frente e avistei uma silhueta de um homem... suas vestes era antigas, seu rosto se encontrava escondido por uma luz celestial, ouvi pela primeira vez sua voz, o que me causou um arrepio na espinha. Foi quando enfim raciocinei, que eu estava diante do ser Misericordioso...
Perguntei a ele se eu havia morrido, ele me respondeu que talvez, que daquela vez, dependeria de mim.
Ele disse que me daria uma proposta, que era para eu escolher o que meu coração mandasse...

Olhei para meu lado esquerdo e caí aos prantos diante do que vi, meu pai estava ali, com vestes brancas e um sorriso no rosto. Quando eu me inclinei a dar meu primei passo em sua direção, aquela voz celestial me cortou, olhei para minha direita, e vi Soraya... ela estava perdida, olhando tudo ao seu redor, mas parecia que não me via. Foi aí que percebi, eu tinha que escolher...

Cai enjoelhada ao chão, chorando... me perguntando o que fazer. Por mais que por fora eu parecia indecisa, meu coração sabia exatamente o que fazer... Ouvi aquela voz celestial, me perguntando se eu estava certa de minha escolha, foi quando eu o respondi da forma mais sincera, o amor que tenho por aquela mulher...
me levantei e fitei papai, ele estava tão lindo... dei o último adeus a ele, mas dessa vez, meu coração estava em paz. Comecei a andar em direção a minha loirinha, sim meu coração a escolheu... a mulher que deu sentido a minha vida.  Soraya corria com todas suas forças em minha direção, e quando finalmente me alcançou, peguei a em meus braços... eu não conseguia falar, Soraya estava em desespero... foi quando o nó em minha garganta se desfez, eu disse a ela que eu a amava... foi minha última frase, antes de acordar.

Abri meus olhos, e observei o quarto em que eu estava.Eu estava ligada a um fio, tomando medicação na veia... eu vestia uma espécie de vestido azul do hospital.  Levantei o mesmo cuidadosamente e vi a ferida ali. Esfreguei os olhos,tentando associar o que acabara de acontecer... foi quando percebi que não estava sozinha... um médico estava virado de costas para mim, quando ele deu a volta, e viu que eu estava acordada, fez uma checagem em mim, e logo concluiu que eu estava bem...

Perguntei a ele várias vezes onde estava Soraya... ele só me respondia que não sabia quem era. Ele saiu do quarto, me deixando lá, foi quando eu vi a porta se abrir, meu coração acelerou suas batidas... fazendo um furacão dentro de mim. Soraya me abraçou e selou nossos lábios... tive a sensação de finalmente ter vencido uma guerra, saindo vitoriosa. Soraya me contou que também teve a visão... contei a ela o que aconteceu, aquilo era mais do que real, era divino...

Mamãe também entrou no quarto, fiquei tão feliz por vê-la! Eu queria contar  a ela que vi papai, mas achei que não era o momento apropriado...
Ficamos ali, reservadas em nosso momento...
Depois de um tempo, a enfermeira veio me medicar, e avisou que eu tomaria alta a noite...

Soraya me parecia desconfortável na cadeira ao meu lado, portanto sedi espaço para ela na maca. Soraya deitou sua cabeça em meu ombro, mas permanecia calada... o que me é estranho. Com carinho, ela começou a acariciar minha barriga, próximo a região em que fui baleada.

- Sisa... os médicos falaram que a bala quase perfurou seu útero.

Fiquei surpresa com essa notícia, e um pouco assustada, mas eu preferi não demonstrar a Soraya...

- Que bom que não chegou a perfurar, minha oncinha... se não teríamos um grande problema.

A cena de Soraya alisando minha barriga, não sei porque...  mas me despertou um ar materno, foi aí que lembrei do seu desejo de ser mamãe...

- So.... tá acordada?

Vi ela balançar a cabeça em positivo... acariciei seu rosto com cuidado.

- Você ainda tem desejo de ser mamãe?
Soraya surpresa com a minha pergunta, levantou a cabeça de meu ombro para fitar meu rosto, seus olhinhos mais do rápido, já estavam marejados.

- Sim, Sisa... tudo o que mais desejo...

Vi ela abaixar a cabeça e enxugar uma lágrima de seu rosto. Ergui a cabeça dela, fazendo-a me olhar novamente.

- Em breve construiremos nossa família... não posso esperar para ver o nosso pacotinho crescer nessa barriguinha linda...

Soraya me soltou um sorrisinho mais sincero, seus olhos ficaram apertadinhos.

- Eu te amo muito, Sisa!
Soraya me abraçou.

- Eu amo mais, oncinha...

∾❃∾


As horas se passaram em um piscar de olhos. Eu já me encontrava em casa, Soraya me ajudou na hora do banho e também me vestiu com uma camisola confortável. Ela tomou o seu banho, e se deitou junto a mim na nossa cama. Entre tanta confusão, encontramos a paz uma na outra...
Tentei não me preocupar com os ladrões naquele momento, e sim aproveitar a presença da minha mulher...
A lua iluminando nosso quarto através da brecha da janela, o vento fazia as cortinas balançarem de forma majestosa... e do silêncio se fez o sono...


🥀🥀

Soraya, pele bronzeada, sol
radiante,
Seu olhar cor de mel, fascinante,
Cabelos loiros, como ouro
reluzente,
Em sua presença, tudo se torna envolvente.

Seus traços marcantes, não há quem esqueça,
Como uma onça, majestosa,
acesa,
Em seus gestos, a graça de uma
dança,
Soraya, és a mais bela lembrança.

Seu amor, um mistério,
uma aventura,
Que me leva a voar sem altura,
Em seus braços, encontro meu lar,
Soraya, és meu doce sonhar.

  |Poema de minha autoria ❤️

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Fazenda Monte Azul (Simone & Soraya)Onde histórias criam vida. Descubra agora