X. 🔞

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Diego havia sido obrigado a tomar banho, enquanto Amaury — que insistiu em ficar sem camisa até na hora de comer — preparou a mesa para que jantassem.

O menor chegou à conclusão de que o macarrão à bolonhesa de Amaury Lorenzo era, de longe, o melhor que já havia experimentado na vida. Ele serviu com vinho branco. Diego se perguntou como e quando Amaury descobriu que era o seu favorito, porque quando ele questionou, o maior só riu, como se de repente tivesse todas as informações do universo.

Enquanto comiam, conversavam sobre coisas frívolas, como o trânsito de São Paulo numa sexta-feira e como as pessoas no LinkedIn estavam transformando a rede social em um Facebook 2.0. Diego descobriu que Amaury não tinha nenhuma rede social, apenas um LinkedIn desatualizado, e isso se transformou em uma grande questão durante o jantar.

Conversavam sobre tudo, menos sobre o que tinham guardado dentro deles.

Acontece que Amaury percebeu, quando Diego chegou, que o menor estava com o rosto e os olhos vermelho. Diego parecia ter tentado esconder, e Amaury achou que não deveria questionar. Mas em dado momento durante o jantar, simplesmente não conseguiu.

— Di...

— Eu gosto quando me chama de Di.

Diego comentou, cortando a linha de pensamento de Amaury por um minuto. Amaury sequer notou a nova forma de tratamento, mas notou como Diego sempre parecia fugir quando o tom ficava mais sério.

— Então fala comigo... — ele deixou a taça de vinho sobre a mesa. — O que houve?

Ele percebeu como Diego abaixou a cabeça, encarando as mãos. Percebeu quando seus ombros ficaram tensos, como seu rosto pareceu perdeu o brilho natural que ele tinha.

Diego era mais transparente do que imaginava, Amaury estava começando aprender a ler as entrelinhas que o menor tinha.

— Dante me ligou hoje. — Diego falou de uma vez. — Ele me ligou, e eu atendi, porque... estava desconhecido, e eu não tinha como saber que era ele!

Diego parecia querer se justificar, mais para si mesmo do que para qualquer outra pessoa. Ele respirou fundo, escorregando na cadeira. Amaury sentiu os dedos se retesarem e mal percebeu quando seu punho se fechou só de ouvir o nome do ex.

— O que vocês conversaram?

— Nada... Ele só queria me provocar. — uma lágrima escorreu pelo rosto de Diego. — Ele falou coisas horríveis, coisas que por um minuto, eu acreditei serem reais.

— Ei... — Amaury se levantou, circulando a mesa, se abaixando ao lado de Diego na cadeira onde ele estava. Tomou as mãos do menor, fazendo-o se virar. — Pessoas manipuladoras falam o que precisam para tomar o controle. Seja lá o que ele falou, não deixe isso ficar em você.

— E se o que ele falou for verdade? E se eu for uma pessoa medíocre que se aproveita dos outros para ter moradia e comida?

Amaury piscou três vezes.

— Você não é medíocre — a voz firme elevou um tom. — Você é incrivelmente talentoso, esforçado e dedicado em tudo que faz. Esse cara já provou ser um bosta, a opinião dele sobre você não vale nada, Diego. Não é ele quem decide o seu valor. — Amaury levou as mãos de Diego aos lábios, beijando ambos os dorsos. — Só você, pequetito, decide seu valor.

Diego não soube como reagir às palavras de Amaury, mas sentiu seu peito se inundar com um sentimento de alívio. Ele engoliu em seco, assentindo, permitindo que algumas lágrimas voltassem a cair. Amaury o abraçou forte, ajoelhado ao lado da cadeira onde Diego estava sentado, sem encontrar forças para se levantar.

quinto andar | dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora