XXIII.

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Amaury foi pego de surpresa, não tinha imaginado o que Diego diria ao acordar, pra ser sincero, estava mais preocupado se ele acordaria bem, sem sequelas. Mas aquilo, aquelas palavras, definitivamente Amaury não esperava.

Ali estava o amor de sua vida, tinha acabado de acordar numa UTI, num lugar desconhecido, e a primeira coisa que conseguiu pensar foi neles.

Ele teve um minuto de completo choque. Abriu e fechou a boca para responder, mas três enfermeiras invadiram o quarto no momento em que ele ia falar algo, seguidas por dois médicos, incluindo Leo.

Uma mão tocou seu ombro, o fazendo se sentar na cadeira de rodas. Tudo aconteceu tão rápido que ele só teve tempo de pegar a caixinha das alianças. Seus olhos se mantinham fixos nos de Diego, que agora estava sendo examinado por diversas mãos, e numa delas era a de Amaury.

Infelizmente.

— Temos que ir. — Leo murmurou, puxando a cadeira de rodas e para levar Amaury de volta ao seu quarto, antes que alguém notasse que ele definitivamente não deveria estar ali.

No último instante, antes de seus olhos perderem os de Diego, ele murmurou um "sim" e viu quando o menor abriu um sorriso enorme.

Ele sorriu. Sorriu de verdade, com os olhinhos pequenos e as marquinhas na bochecha aparecendo.

Mesmo sendo examinado, mesmo com o rosto cheio de curativos, mesmo no estado em que estava, ele sorriu.

"Eu amo você", Amaury conseguiu ler os lábios de Diego antes de Leo o tirar completamente do quarto.

· ✧ .

Diego surtou uma hora depois que saiu da UTI.

Quando estava sendo avaliado, logo após a sala ser invadida pela equipe e alguém levar Amaury para longe dele, ele havia notado que havia muitos post-its colados na cabeceira da cama. Não sabia quanto tempo tinha ficado desacordado, mas pela quantidade de post-its, imaginou que o suficiente para lotar a cabeceira e a mesinha ao lado.

Acontece que, quando o levaram para o quarto, liberado da UTI, os post-its ficaram para trás, e quando ele perguntou sobre, a enfermeira demorou para voltar com eles, como se tivesse escondendo algo.

— EU QUERO MEUS POST-ITS!

Se alguém perguntasse, ele não saberia dizer de onde tirou forças, mas gritou quando duas enfermeiras voltaram superassustadas, achando que algo tivesse acontecido. O que encontraram foi um Diego se mexendo mais do que deveria, com a perna imobilizada, mas tentando se sentar na cama.

— Diego, estamos trazendo, você não pode forçar a voz assim! E não pode forçar o corpo!

— Vocês jogaram fora, não foi?!

Ele perguntou e tentou erguer a cabeça, mas sentiu uma pontada forte no peito que o fez voltar e respirar fundo. A enfermeira correu, olhando os pontos em seu peito para ver se não tinham aberto com o tanto que ele estava se mexendo.

— Jogamos. — uma das enfermeiras admitiu, o que o fez abrir a boca para gritar novamente. — Mas estamos pegando de volta! Calma, Diego!

— ME DIZ COMO É QUE EU VOU TER CALMA!? OLHA TUDO QUE EU ESTOU PASSANDO AQUI!

Depois do que pareceram anos, trouxeram os post-its, estavam dentro de um saquinho transparente. Diego pediu para Lucia — a enfermeira ficou tão brava quanto ele quando viu o que seus colegas haviam feito — guardar para ele em um lugar seguro, debaixo do seu travesseiro.

Mas tarde, depois do seu pequeno show, tiveram que colocar Diego para dormir novamente por algumas horas, pois estava tão agitado que ninguém conseguiu ficar com ele no quarto, e ele ia acabar abrindo todos seus pontos do peito.

quinto andar | dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora