XXVI.

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Doutor Lorenzo estava oficialmente de volta ao hospital para assumir a vaga de chefe da cirurgia, finalmente.

Quando chegou, foi recebido por aplausos. A equipe de enfermagem preparou sua sala e havia até um café da manhã especial, dando as boas-vindas tanto pelo novo cargo quanto pela recuperação. Todos no hospital sabiam do acidente, e ele acabou recebendo muitas mensagens desejando melhoras para ele e Diego. Agora, finalmente, estava de volta.

Não diria em voz alta, mas sentia falta daquele ambiente. Seu jaleco novo trazia no peito o novo cargo bordado, um presente das equipes para o novo chefe. Ele gostou tanto que trocou ali mesmo, enquanto conversava e tomava café com todos, antes de todos voltarem às suas funções.

Ele havia levado Diego consigo quando chegou pela manhã, pois coincidentemente era o dia em que o pequetito tiraria o gesso. Então, depois de todos voltarem ao trabalho, o doutor Lorenzo foi até o ambulatório onde Diego estava sendo atendido. Simplemente não conseguiu evitar.

— Você tem certeza disso? — ele ouviu a voz de Diego antes de entrar na sala.

— Sim, senhor, é assim que se faz. O doutor Lorenzo nos ensinou, eu acho... — o residente não parecia muito certo daquilo, e Amaury ouviu o som da serra que ele usaria para abrir o gesso de Diego.

— Você acha!? — Diego parecia nervoso. — Eu realmente preciso dessa perna, doutor!

Amaury quis rir, então finalmente entrou na sala. Quando o residente viu o doutor ali, arregalou os olhos e afastou o equipamento, assumindo uma postura reta. Diego pensou ter visto o rapaz começar a suar.

— Algo de errado, Thomas?

Diego olhou o noivo de cima a baixo, naquele jaleco branco e com o estetoscópio no pescoço. Trazia uma prancheta na mão e parou ao lado de Diego na maca, avaliando o gesso, que sequer havia sido mexido, mesmo com Diego ali há algumas horas.

— Doutor Lorenzo, eu... Chefe Lorenzo, digo... — o rapaz gaguejava.

— Só doutor Lorenzo está bom, Thomas. — a voz de Amaury era paciente. Ele deixou a prancheta de lado e se aproximou do residente. — Vamos lá, eu já te mostrei como faz, então você sabe o que fazer.

Ele passou confiança ao rapaz, Diego notou que ele conseguiu relaxar os ombros. Então, o residente se aproximou e seguiu com o procedimento. Diego fechou os olhos por causa do som daquela máquina estranha, mas Amaury estava ao lado do residente dando instruções claras e o ensinando. Depois, duas enfermeiras apareceram, limpando a perna de Diego e finalizando o procedimento.

Elas limparam toda a pele, que estava numa coloração horrível, e deram instruções sobre os cuidados que ele deveria ter em casa. Amaury não saiu do ambulatório, o que só deixou Diego nervoso, pois parecia que todos os funcionários tinham medo de falar algo e serem interrompidos por Amaury.

Quando as enfermeiras e o residente — que estava até mais confiante — saíram, deixando Amaury e Diego sozinhos no ambulatório, o menor puxou o noivo pela manga do jaleco.

— Amor, eu nunca mais quero ir a um hospital contigo, podemos combinar isso?

— O quê? Por que, pequetito? — Amaury não parecia ofendido, na verdade, parecia querer rir.

— Porque as pessoas me tratam como se eu fosse de porcelana, com você parado do meu lado parecendo uma estátua!

— Eles sabem que você é meu noivo. Aparentemente, Samuel espalhou a fofoca. Deve ser por causa disso, amor. Não fazem por mal...

— Amor, o residente quase desmaiou quando você chegou aqui!

— Já me disseram que eu causo esse efeito nas pessoas mesmo...

quinto andar | dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora