XVII.

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[advogato boer]: amigo, só pra te avisar, por causa do acidente o desquerido vai ser monitorado por policiais no hospital

[advogato boer]: quando ele melhorar espero que não, maaaaaas ele vai responder ao processo

[diego]: ele ainda vai ser preso mesmo com o que aconteceu?

[advogato boer]: sim, vai demorar porque ele passou por cirurgia, mas vai sim

[diego]: obrigado, amigo, você é um amigo

[diego]: como foi o rolê com o lennon ontem???

[diego]: (figurinha de macaquinho sorrindo)

[advogato boer]: a gente tá noivo.

[diego]: O QUE????

ligação perdida

ligação perdida

ligação perdida

[diego]: ME ATENDE BRUNO

[advogato boer]: amigo calma, vou entrar numa audiência agora mas te ligo depois calma

[advogato boer]: (foto das alianças)

[advogato boer]: (foto de lennon e bruno se beijando)

[advogato boer]: (foto do lennon chorando)

[diego]: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

· ✧ .

O pós-operatório nunca é fácil para o paciente, e quando envolve queimaduras, tudo se torna mais doloroso.

Dante não era o paciente de Amaury, apesar de o doutor ter participado da cirurgia. Ele era paciente de Samuel, o que era um grande alívio. O doutor Lorenzo leu o prontuário. Dante estava tendo uma boa recuperação e, dois dias após o acidente, já tinha acordado, pelo menos.

Os policiais também estavam se recuperando, ambos tiveram menos danos, já que foram os primeiros a serem retirados do carro quando tudo aconteceu.

A delegacia ainda tentava entender como o acidente ocorreu de fato, já que, pela perícia, o carro não estava em alta velocidade nem apresentava defeitos mecânicos. Até onde sabiam, foi uma fatalidade. Amaury tentou se manter o mais distante possível das informações, porque, sinceramente, não faria muita diferença agora, mas só se falava disso no hospital.

Ele tinha outro problema para resolver e, por isso, passou a manhã inteira no quarto de Maria, fugindo do chefe de cirurgia e do hospital, doutor Ramos, enquanto monitorava o quadro da criança.

Maria deu entrada no hospital com uma pneumonia severa que não conseguiram tratar. Ela era atendida pelo SUS e, apesar de ser um excelente sistema, o hospital não tinha todos os recursos para um diagnóstico mais aprofundado.

Então ela precisou viajar e, quando voltou com uma carta médica, o diagnóstico veio junto: câncer no pulmão, nos primeiros estágios.

A família de Maria decidia o que fazer. O doutor Lorenzo apresentou as opções, e nenhuma delas agradava os pais.

Obviamente, quando se descobre que a filha de cinco anos tem câncer, o mundo desaba, e Amaury tentava ser o mais presente possível, tanto para Maria quanto para os pais. Ele foi o primeiro a desconfiar e o primeiro a atender a criança.

Quando se tratava de um paciente assim, criava-se um vínculo com toda a família.

— Quem é esse? — Maria perguntou, quando uma notificação da agenda acendeu o visor do celular de Amaury que estava sobre a maca.

quinto andar | dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora