XXV. 🔞

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Dez minutos depois da ligação, Bruno chegou ao apartamento no quinto andar. Trazia um notebook com uma gravação, que ele colocou sobre a mesa para que Amaury e Diego vissem.

— É melhor vocês sentarem.

Não precisou muito tempo para que Amaury reconhecesse de imediato na gravação, o alvo principal.

Leo.

Ele estava com uma pasta na mão, uma mochila nas costas, e dava para reconhecer claramente o cirurgião plástico. Mas a imagem só mostrava ele entrando na portaria do condomínio, não o mostrava passando por ela. Ele ficou alguns minutos conversando com o porteiro, pelo menos foi o que deu para ver pela gravação da câmera de segurança.

Amaury engoliu em seco, sem entender exatamente o que Bruno queria dizer ao mostrar a gravação. Ele se recusava a acreditar que Leo tinha algum envolvimento no que aconteceu, mesmo que a gravação fosse de semanas antes de eles saírem de férias.

Depois de tudo o que passaram no hospital, não podia ser verdade. Era difícil acreditar naquilo.

— Não foi ele. — Diego, sentado do lado de Amaury na mesa, negou com a cabeça. — Eu tenho absoluta certeza de que não foi ele, Bruno.

— Ele deixou algo na portaria. — Bruno falou, olhando de Amaury para Diego. — Ninguém do condomínio falou com vocês?

— Não, ninguém. — Amaury negou. — Mas vou descer depois e converso com o porteiro... Bruno, o que isso tem a ver com o relatório da perícia?

Esse era o ponto que Amaury queria evitar.

Ele se sentia culpado pelo acidente desde a noite do ocorrido, e, apesar de estar se consultando com o psicólogo e, às vezes, raramente, conseguir se esquecer disso, ainda assim tinha pesadelos à noite.

Colocou a vida de Diego em risco e não conseguia se livrar do sentimento que carregava no peito, mesmo que agora estivessem bem.

Quebrados, em recuperação, mas bem. Ainda assim, não conseguia superar. Mas agora, com o relatório da perícia e seja lá o que Bruno queria com aquela gravação, conseguia pensar mais claramente, de forma racional, se lembrando de como o carro não respondia aos freios no pior dia de sua vida.

— A seguradora garantiu que, quando o carro saiu da concessionária, estava com a revisão em dia. — o advogado colocou sobre a mesa um relatório com o nome da concessionária, o documento detalhava a situação do carro. — Acontece que eles pediram uma perícia no carro, já que eu ameacei processá-los, para provar que não foi erro deles. E a perícia apontou que os freios foram adulterados. Para ser mais claro, alguém fez o serviço pela metade para que os freios falhassem com o uso do carro.

Diego sentiu o rosto esquentar e um gosto metálico na boca. Sentia tão fortemente em seu coração que o ex tinha mais a ver com aquilo do que Leo, que ele já havia aceitado que foi, sim, Dante. Mesmo que aquela gravação desse a entender outra coisa, mas era apenas uma parte, certo?

Por um minuto, ele passou um filme em sua cabeça.

Diego se lembrou de quando conheceu Dante, de como, no começo, ele parecia gentil, atencioso, e de como muito rapidamente envolveu Diego numa névoa de proteção que ele nunca teve antes, até perceber que não era proteção. Era manipulação, posse.

Queria controlar seus passos e sua vida. Ele se lembrava de como o relacionamento passou por mais baixos do que altos, com brigas, discussões, violência... e quando Diego finalmente saiu, tudo aquilo aconteceu.

A gente nunca acha que a pessoa que está ao nosso lado é perigosa, até ela fazer algo contra sua vida. Contra a vida de quem você ama.

Não foi normal o que aconteceu no show, de forma alguma, mas aquilo... Dante estava tentando tirar sua vida, a vida de Amaury. Não era algo fácil de lidar. E era fácil acreditar que foi ele, considerando todo o contexto e o fato de Diego já ter presenciado situações em que a sanidade do ex foi posta a prova.

quinto andar | dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora