bônus.

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TRÊS ANOS DEPOIS.

Era sábado, às seis da manhã, e um miado manhoso demais fez Diego despertar.

Ele abriu os olhos mas não se moveu, o doutor estava deitado em seu peito, e acordou quando ouviu o chorinho também. Ambos tinham sono leve e acharam mesmo que não ouviriam.

— Ele acordou, amor... — Diego sussurrou, erguendo a mão para tocar os cachos do marido.

— Xiu... Se ele não ouvir nossa voz, volta a dormir rapidinho.

Como se para contestar isso, o miado que ouviram agora era mais alto, quase escandaloso, manhoso demais. Diego riu, e Amaury se levantou, tropeçando em caixas espalhadas pelo no quarto deles.

O apartamento novo era maior do que imaginavam, e quando colocaram todas as suas coisas dentro dele, notaram que talvez tivessem exagerado um pouco.

Era na região da Barra Funda, em São Paulo, um apartamento antigo, com dois quartos enormes, uma varanda pequena onde colocaram uma rede. Contava com uma sala também enorme e uma cozinha, além de uma lavanderia. Muito diferente do que moravam antes, muito maior também.

Tinha até um escritório pequeno, que se tornou um closet onde Diego passava a maior parte do tempo com suas montações. Amaury ficava lá também, fuçando os glitters que usavam no carnaval, testando maquiagens em Diego até aprender a fazer delineados coloridos.

Era com piso de taco e no quinto andar, Amaury amou de imediato. E se Amaury amou, Diego amou também.

No dia anterior haviam ficado acordados até tarde decidindo sobre os móveis novos que mobilhariam, Diego estava empolgado com a perspectiva de montar o cantinho deles. Comprado pelos dois. Fruto do trabalho dos dois, o primeiro imóvel deles, como dois homens casados.

Era de se esperar que dormissem até mais tarde, já que Amaury tinha chegado do plantão de madrugada, e Diego de um show, motivo pelo qual havia ignorado completamente a bagunça. Mas não foi bem assim, e não seria por um tempo.

Quando abriu a porta do quarto, o pequeno ser laranja entrou como se nada tivesse acontecido. Não tinha nem três meses e não conseguia subir na cama ainda, mas Amaury o pegou, o colocando sobre a cama, fechando a porta e voltando a deitar.

O pequeno gatinho laranja, muito pomposo para a pouca idade e com orelhas enormes, deitou no peito de Diego, ronronando alto, se aconchegando ali quando o menor o cobriu com a coberta, bocejando.

Adotaram o pequeno há semanas, e ele havia se adaptado muito bem à bagunça em que o apartamento estava, parecia até gostar.

A ONG que faziam doações tinham vários filhotes de gatinhos recém-chegados, e acabaram oferecendo um lar temporário para o menorzinho deles, que precisou de cuidados especiais no veterinário por ser muito pequeno.

Assim que chegaram em casa com ele, souberam que não seria temporário. Diego se apegou tão fortemente ao gatinho que Amaury acabou cedendo, porque no fundo, havia se apegado também.

Era um gatinho laranja, afinal. Mais um gatinho laranja em sua vida.

E no novo apartamento no quinto andar tinha muito espaço até para mais. Bem mais.

— Esse lugar é meu. — o doutor murmurou, passando o braço ao redor do marido. — Arthur não pode fazer escândalo toda vez que quiser algo.

— Acho que Arthur pode sim, porque o doutor meu marido sempre atende o que ele pede.

— Não é culpa minha se ele tem olhinhos de mel igual aos seus! Não tem como negar nada pra vocês dois, não!

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quinto andar | dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora