Diego estava mais ruivo no sol da Bahia do que jamais foi, Amaury percebeu enquanto passava protetor solar nas costas do marido, sentados na areia da Praia do Farol, em Salvador.
Estavam em lua de mel, haviam se casado no dia anterior e chegado à Bahia pela manhã. Diego estava tão agitado que, mesmo depois de uma viagem de duas horas e meia de avião sem dormir, ele ainda queria ir à praia assim que chegaram. Foi o tempo de deixar as coisas no resort e sair correndo.
— Se você não ficar quietinho, não tem como eu passar protetor solar em você!
— Eu não preciso de protetor solar! — Diego contestou, enquanto se mexia muito, organizando coisas sobre a canga para uma foto.
— Se seu médico diz que precisa, é porque precisa. — o doutor espalhava o produto pelas costas de Diego, se distraindo com as sardas e pintas, deixando beijos em cada uma antes de passar produto.
O menor riu e o olhou por cima do ombro. Estava sentado entre as pernas do marido, debaixo de um guarda-sol enorme. Amaury usava óculos escuros, e Diego sempre, sempre mesmo, ficava embriagado em como aquele homem ficava lindo assim. E pior, só de sunga preta, que combinava com a de Diego. Todas que haviam levado era assim, combinando.
Diego estava começando a repensar sungas, pois Amaury ficava com as coxas maiores ainda nelas.
— Você não é meu médico, você é meu marido.
A frase simples chamou a atenção do doutor, que ergueu os óculos para a cabeça para encarar Diego, com um sorriso bobo. Ele se inclinou, deixando um beijo na bochecha do marido.
— Seu marido, é? — ele arrastou os lábios para a orelha de Diego, passando a língua contra a pele quente.
— Uhum... — Diego se arrepiou por inteiro, fechando os olhos, tombando levemente o corpo para trás. — Maury... Não pode fazer isso aqui.
Ele falou porque, de repente, os dentes do marido puxaram o lóbulo de sua orelha, e ele roçou a barba no pescoço de Diego, que suspirou quase em desespero. Não dava para saber se o calor que sentia era o calor da Bahia ou dos lábios de Amaury contra sua pele.
— Não posso, né? É uma pena, porque você fica uma delícia com essa sunga preta e essa aliança brilhando no seu dedo.
— Ai meu Deus... Chega, num dá.
Diego negou com a cabeça, se levantando, mas antes, deixou um selinho demorado nos lábios de Amaury, antes de sair correndo para o mar como o diabo foge da cruz.
Amaury teve que rir, alto, e Diego ouviu quando ele gritou.
— PARECE QUE O JOGO VIROU, NÃO É MESMO?
Diego virou para ele, correndo de costas na praia apenas para gritar a resposta.
— VOCÊ É MALUCO! EU CASEI COM UM MALUCO!
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Diego estava com o olhar baixo, como quando bebe vinho branco demais. Eles estavam na jacuzzi, num silêncio confortável, daquele tipo que você só experimenta na presença de alguém que ama muito. Amaury lia algo em um enorme livro de medicina, mas não estava completamente concentrado, pois Diego estava à sua frente, completamente nu, embora não tão visível porque a água quente e os jatos da jacuzzi faziam a água borbulhar.
O quarto que foi reservado para eles era, de longe, surreal. Mal conseguiram explorar quando chegaram, mas depois de um dia inteiro na praia, torrando no sol de Salvador, quando voltaram para o quarto, se deram conta de que era maior do que tinham percebido.
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quinto andar | dimaury
FanfictionAmaury, um médico geral do SUS, e Diego, um publicitário e drag queen, dividem o mesmo apartamento sem nunca se encontrarem. Se comunicam apenas através de post-its enquanto vivem suas vidas em horários opostos. Entre as trocas escritas, descobrem q...