XXII.

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QUATRO DIAS DEPOIS.

— Mãe?

Dona Fátima era a única no quarto quando Amaury acordou, depois de dormir apenas três horas seguidas. Era um novo recorde.

— Oh, querido, estava tão calmo dormindo. Fiquei aqui velando seu sono.

Amaury conseguiu rir. A mãe se levantou e foi até ele, deixando um beijo em sua testa e arrumando os cachos rebeldes. Amaury não pôde deixar de notar que tinha uma caixinha onde ela estava sentada, ao lado da bolsa, na poltrona que ficava no quarto.

— O que é aquilo ali, mãe?

Ela bufou, impaciente.

— Você não deixa passar nada mesmo, né! — ela foi até a caixinha, a trazendo até Amaury, que se sentou na cama. — É a aliança que você pediu, querido. Eu trouxe pra você e para o Diego.

Era uma caixinha preta, com as iniciais A & D gravadas no topo. Quando ele a abriu, viu o par de alianças.

A antiga de sua avó estava lá, da forma como ele se lembrava, era menor e com certeza seria a de Diego. Era uma aliança fina, torcidinha, com um brilhinho discreto no topo. A que acompanhava essa era quase idêntica, o joalheiro havia feito um trabalho excelente.

Ele engoliu em seco quando as pegou na mão, tirando da caixinha e colocando-as juntas sobre a palma com a ajuda de Dona Fátima, já que um braço ele não conseguia mexer. Tinha algo gravado dentro delas, Amaury não se lembrava de ter nada gravado na da avó antes.

Quando as aproximou dos olhos, conseguiu ver "A ♡ D", em ambas, com um coração entre elas, gravadas. Seus olhos se encheram de lágrimas e ele olhou para a mãe, incrédulo.

— Como...?

— Ah, querido. Dona Bahia me ajudou, Bianca também. Gravamos ontem, juntas, lá no joalheiro amigo de seu pai. — ela tinha lágrimas nos olhos também. — Tenho certeza que Diego vai gostar.

Ela pegou as alianças delicadamente e as guardou de volta na caixinha, deixando-a com Amaury.

— Fique com elas, querido. Em alguns dias vocês estarão usando, porque eu tenho certeza que o pequetito vai acordar amanhã. Eu tenho certeza disso!

Ele assentiu, a puxando para um abraço apertado.

— Obrigado, mãe. Obrigado por acreditar tanto a ponto de me fazer acreditar também.

· ✧ .

A sequência de post-its coloridos a seguir foi deixada na cabeceira da maca de Diego, na UTI. Cada um escolheu uma cor, e a coitada da enfermeita precisou gravar as ordens para colar depois.

"meu grande amor, amor da minha vida
hoje o lennon, a larissa e o bruno vieram te ver, mas não deixaram eles entrarem na uti. o bruno tentou ameaçar processar o hospital, mas eu falei que eles não têm culpa, é o procedimento.
eles escreveram post-its para você, a lúcia vai colar todos na sua cama para quando você acordar.
te amo, estou com saudade... fica bem logo, amor.
amaury."

"amigo,
eu estou muito bravo com você por estar desacordado, mas seu boy falou que você deve acordar em alguns dias e está se recuperando muito bem. amigo, acorda logo, a gente tem uma coisa muito especial te esperando!
do seu melhor amigo e produtor,
lennon."

"diegoooooo,
amigo, você é o ser humano mais pequeno e forte que eu conheço, estou emanando muita energia positiva para sua recuperação. já chorei feito uma cachorra por você e agora você precisa ficar bom. você vai ficar bom. amigo, eu te amo muito, volta logo pra gente, ninguém aguenta mais o bruno.
larissa."

quinto andar | dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora