Capítulo 36 - Você não é Invencível...

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A ausência de Levi era como uma maré constante, que subia e descia dentro de mim, mas nunca recuava completamente.

Três meses se passaram desde que ele partiu, e, mesmo assim, cada canto desta ilha ainda sussurrava o nome dele.

A brisa salgada trazia ecos de sua voz; o brilho da lua refletido nas águas me lembrava de seus olhos azuis, tão intensos e devastadores quanto o oceano que ele chamava de lar.

Eu o procurei.

Por todo canto, em todos os sinais. Perguntei às estrelas, ao vento, até ao próprio oceano que ele governava, mas Levi não respondia.

Meu coração apertava cada vez que eu olhava para o horizonte, desejando, implorando que ele surgisse, mas tudo o que encontrava era o vazio.

Era minha culpa.

Cada lágrima que eu derramava vinha com a mesma pergunta que martelava em minha mente: Por que eu não disse nada? Por que eu não pedi para ele ficar?

Eu deveria ter feito algo, qualquer coisa. Mas naqueles momentos em que ele partiu, fiquei paralisada, como se minha própria respiração tivesse sido arrancada junto com ele.

O farol, que sempre foi um símbolo de segurança, agora parecia um túmulo.

Eu evitava entrar, mas não conseguia ir embora. Parecia que deixar a ilha seria como abandoná-lo para sempre, como se fosse um adeus definitivo, e isso eu nunca conseguiria fazer.

Os moradores da vila tentavam me confortar, mas era inútil. "Ele vai voltar, Lily", diziam, com sorrisos hesitantes e olhares preocupados.

Mas nenhum deles sabia o que eu sabia. Nenhum deles viu o olhar em seu rosto quando partiu, a dor que carregava. Era como se ele estivesse convencido de que nunca mais poderia ser digno de estar ao meu lado. E isso doía...

À noite, quando o silêncio caía, eu deitava na areia fria da praia, olhando para o céu estrelado, me perguntando se ele também olhava para essas mesmas estrelas.

— Onde você está, Levi? — Eu sussurrava, sabendo que minha voz nunca o alcançaria.

Eu me agarrava às memórias dele, ao calor de seus braços, ao timbre grave de sua voz. Mas, ao mesmo tempo, essas lembranças eram um lembrete cruel do que eu havia perdido.

De repente, algo macio e peludo esfregou contra meu rosto.

Pulei assustada, o coração disparado, e encontrei dois olhos felinos brilhando no escuro, fixos em mim.

O gato demoníaco estava de volta, com sua cauda ondulando como se tivesse acabado de sair de uma batalha por território – ou, mais provavelmente, de um cochilo preguiçoso.

Você sabe que deitar na areia só vai fazer você parecer um croquete, certo? — ele disse com sua voz arrastada e cheia de sarcasmo.

— O quê? — murmurei, ainda tentando entender de onde ele havia surgido.

Você. A areia. Vai grudar em você. Você vai virar comida de peixe gigante se continuar aí, toda deprimida e vulnerável — bocejo. — Francamente, Lily, que tipo de pessoa faz isso?

Revirei os olhos, limpando a areia que ele mencionou, enquanto ele se acomodava ao meu lado, lambendo uma das patas de maneira exagerada.

— Por que você sempre aparece nos momentos mais inoportunos?

Porque eu só me divirto com a desgraça dos outros. — Ele inclinou a cabeça, me analisando com aquela expressão de superioridade que só um gato, ainda mais um demoníaco, podia ter. — E, honestamente, alguém precisava te dizer para parar de parecer uma heroína trágica de um romance barato. Já basta Levi no mundo com toda essa melancolia. Dois? Não.

O Demônio do FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora