{Capítulo. 37}

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[Revisado apenas uma vez]

Todoroki nunca pensou que um dia seria realmente pai, principalmente pai de uma menina que dizem ser as mais difíceis de cuidar. Essa imagem sempre passou longe dele. Seus sentimentos em relação a crianças eram nulos e sempre ficava desinteressado quando as dez grandes exigiam que tivesse herdeiros para prosseguir sua linhagem.

Pensou que no futuro um de seus possíveis sobrinhos, filhos de seus irmãos, assumiriam o cargo que ele ocupava e continuariam o legado da família — estava até acostumado com essa ideia —, mas a vida gostava de lhe pregar uma peça.

Se apaixonou por uma pessoa e ganhou uma filha, num curto período de tempo. E como já não era o bastante, no momento se encontrava sentado na sofá da sala, de frente para a sua outra possível filha que fingia ser a outra.

Após metade de um dia e uma noite de sono, Shoto já tinha absorvido todas as informações que recebera no dia anterior e teve que voltar a conversar com Fukukado na parte da manhã.

Também fez uma reanálise dos momentos em que esteve com Akemi e percebeu que boa parte delas não era realmente com ela, mas com Akeni, que fingiu boa parte do tempo e deixava escapar alguns comportamentos estranhos.

Shoto enfim percebeu que esses "comportamentos estranhos" era na verdade a personalidade de Akeni escapando, e isso era o que deixava ele confuso.

Calculando exatamente o cronograma de sono de Akemi, esperou o momento certo até que Akeni acordasse, afim de iniciar uma conversa adequada. Shoto não tinha uma filha e, sim, duas, agora precisava conhecer a outra de verdade.

— Não vai comer, papai? — perguntou sua filha, num tom de voz inocente e um sorriso no rosto.

Shoto ficou observando-a devorar seu café da manhã.

Uma coisa que percebeu entre as personalidades era que Akeni comia bastante e gostava de coisas salgadas, diferente de Akemi que comia o mínimo e gostava de coisas doces. Era estranho esse fato; ambas dividiam o mesmo corpo e tinham paladares tão diferentes.

— Dormiu bem?

— Uhum. — Assentiu, as bochechas cheias de resquícios de bolinhas, arrancando um suspiro do bicolor.

— Coma de vagar. — Levantou-se e pegou um guardanapo de pano, limpando as bochechas da garotinha. — Você pode acabar se engasgando desse jeito. A comida não vai fugir.

Akemi engoliu seu alimento, deixando seu pai limpar seu rosto.

— Tá bom, papai! — respondeu ela, abrindo um enorme sorriso.

Se Shoto não estivesse atento, certamente pensaria que aquela era Akemi.

— Pare de fingir — exigiu Shoto, sem perceber que tais palavras fizeram os ombros de sua filha tremerem.

— Huh?

— Disse pra parar de fingir ser quem você não é. Eu já sei que você não é Akemi. — O bicolor encarou seriamente as íris esmeraldas da menina, que se assemelhavam-se as de Izuku, deixando-o sempre confortável. — Acho que nós dois precisamos conversar sobre você.

— Mas... o que tem eu, papai? — perguntou hesitante, sendo visível seu nervosismo nos seus dedos inquietos.

— Você não precisa se esconder atrás da Akemi. Por mais que seu pai tenha demorado a perceber a diferença, agora eu sei reconhecer quando é você e quando é Akemi. — Shoto viu os olhos grandes da garotinha ficarem maiores pelo susto. Assumindo uma postura pensativa, continuou: — Vejamos... Akemi tem aquele otimismo infantil de toda criança; adora qualquer doces que tenha morando e chocolate ou os dois na receita; prefere brincar de pega-pega no jardim com a babá e jogar xadrez comigo até se enjoar e voltar pra dormir.

Would you love the mob boss?Onde histórias criam vida. Descubra agora