Matteo
Após conseguir me recompor de meu choro, me levantei e saí do quarto. Desci pela escadaria de madeira que dava acesso ao térreo, então caminhei até a cozinha parando de frente ao refrigerador onde ficavam estocadas algumas bolsas de sangue. Abri o mesmo e reparei que eu já estava ficando sem alimento. Retirei uma das poucas bolsas que restava no refrigerador, peguei um copo no armário, que ficava ao lado, e segui para a sala de estar.Despejei todo o liquido viscoso dentro do copo e larguei a embalagem vazia sobre a mesa. Me ajeitei na poltrona e liguei a TV em qualquer canal aleatório para espantar para longe aquele silêncio perturbador.
Ao mesmo tempo em que eu consumia o líquido, meus olhos se mantinham fixos nas imagens que passavam na TV enquanto minha mente vagava para longe. Eu estava com o pensamento totalmente focado na conversa que eu havia tido um pouco mais cedo ao telefone com Grace.
Algo dentro de mim queria muito ir visitá-la e ver com meus próprios olhos como ela estava, mas ao mesmo tempo, eu relutava e me negava a atender essa vontade. Eu tinha medo... Medo de não saber como agir diante dela depois do acontecido, medo de não saber usar as palavras corretas para me dirigir a ela, e assim, acabar a ferindo ainda mais.
- Ah, que porra!!! O que eu devo fazer? - Gritei falando comigo mesmo enquanto passava a mão esquerda pela nuca meio que puxando meus próprios cabelos. Em seguida olhei para o teto e continuei. - O que eu faço, meu pequeno?! Eu devo ir ver sua mãe? Eu não sei o que fazer meu pequeno... - Pronto! Eu devia estar ficando louco. Agora eu estava falando sozinho, como se Élio pudesse realmente me ouvir. Só conseguia pensar no o que ele diria se pudesse me responder... Será que ele acharia uma boa ideia eu ir visitar a mãe dele depois de tudo o que aconteceu?
Terminei de virar o restante do líquido vermelho garganta abaixo e me levantei da poltrona. Peguei a embalagem plástica vazia que se encontrava sobre a mesinha e voltei à cozinha.
Joguei o pacote no lixo e lavei o copo. Sequei o mesmo com um pano de prato e voltei a guardá-lo no armário. Agora eu me encontrava com as duas mãos apoiadas sobre a bancada da pia olhando a paisagem lá fora pela janela que ficava por cima da mesma. Não nevava, porém, tudo se mantinha encoberto pela neve até onde meus olhos conseguiam alcançar.
A campainha da porta da frente então começou a tocar. Demorei alguns instantes até realizar alguma ação. Quem poderia ser? Será que ninguém respeitava minha vontade de estar sozinho? Eu precisava de tempo. Um tempo a sós com minha dor, tempo esse, que eu sequer sabia quando chegaria ao fim...
Quando cheguei à porta de entrada, girei a chave e em seguida a maçaneta. Assim que abri a porta pude ver de quem se tratava:
- Ε αί, cara?! - Era Magnos, que tinha uma mochila pendurada no ombro direito por uma das alças. Junto com ele, estava Rafael, Claire e Gabriel.
- Ah... Oi... - Respondi meio desanimado.
- Não vai nos convidar para entrar? - Perguntou Claire com um sorriso.
- Ah sim, claro! - Respondi os dando passagem e apontando para dentro com uma das mãos.
Assim que todos entraram, eu tranquei a porta e os acompanhei até a sala de estar. Assim que adentramos o cômodo, os indiquei o sofá maior dizendo:
- Sentem-se, por favor... Fiquem a vontade.
- Obrigado. - Agradeceu Rafael enquanto eles se sentavam.
Assim que eles já estavam devidamente acomodados, Magnos colocou a mochila sobre a mesinha de centro e disse apontando para a mesma:
- Viemos trazer isso pra você.
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O Híbrido: Despertar do Híbrido {Livro 2}
General FictionA vida é uma caixinha de surpresas, que nos vive pregando peças às vezes boas e às vezes nem tão boas... O segundo livro da Saga O Híbrido.